perfil do comprador de imóveis 2025

Mesmo diante de alguns desafios econômicos, o mercado imobiliário brasileiro não parece dar sinais de desaceleração em 2025. No primeiro semestre, as vendas de imóveis residenciais cresceram 9,6% com relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Nesse mesmo período, a Loft realizou mais de 300 mil transações imobiliárias.

Para além dos números positivos, outros levantamentos oferecem uma visão mais aprofundada a respeito do perfil por trás das transações imobiliárias mais recentes. Essas pesquisas fornecem parâmetros importantes a respeito da idade, renda, preferências e tendências gerais a respeito dos novos proprietários no Brasil.

Este artigo reúne as conclusões dos principais estudos do setor para entender qual o perfil do comprador de imóveis atualmente. A seguir, você encontra:

  • Como está o perfil do comprador em 2025?
  • Que tipo de imóvel está sendo buscado?
  • O que busca o investidor imobiliário em 2025?
  • O que o Censo aponta como tendência para o mercado imobiliário?
  • Qual o peso do cenário econômico?
  • Qual o impacto da geração Z na compra de imóveis?

Como está o perfil do comprador em 2025?

A pesquisa Raio-X FipeZAP do segundo trimestre de 2025 mapeou quem, efetivamente, adquiriu um imóvel nos 12 meses anteriores ao levantamento e trouxe um perfil claro: homens, com mais de 50 anos de idade, e com renda domiciliar mensal superior a R$ 10 mil.

O resultado mostra um aumento significativo do grupo de compradores com mais de 50 anos. Enquanto a pesquisa do segundo trimestre de 2025 registrou que 74% dos compradores de imóveis fazem parte dessa faixa etária, esse grupo representava 56% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

“A média histórica de compradores acima de 50 anos é de 41%, portanto, o fato desse grupo etário ser maioria entre compradores é mais recente. Isso passou a ser registrado por volta do início de 2021”, explicou ao Portas o economista Alison Oliveira, coordenador do FipeZAP.

Que tipo de imóvel está sendo buscado?

O Raio-X da FipeZAP identificou que a maioria dos compradores (57%) buscava um imóvel para morar, e não para investir. Mais especificamente, o objetivo principal para a compra do imóvel era morar com alguém. Já entre aqueles que compraram um imóvel para investir, 52% esperavam obter um retorno financeiro por meio do aluguel, em oposição à valorização da propriedade.

“Em linguagem prática, isso tende a valorizar localização consolidada, funcionalidade (tamanho adequado, planta eficiente), liquidez para aluguel e a possibilidade de negociação — especialmente no mercado de usados”, explicou Alison Oliveira ao Portas.

E, dado que a maioria dos compradores buscavam um imóvel para morar, a pesquisa também registrou uma clara preferência por imóveis prontos (71%), ao invés de empreendimentos na planta.

Além da disponibilidade imediata para moradia, Alison Oliveira destaca que os imóveis usados também oferecem riscos menores com relação a obras, boa negociabilidade de preços e tendem a ser melhor localizados — já que regiões mais cobiçadas, em geral, já concentram uma boa quantidade de residências.

“Essas vantagens apontadas são mais valorizadas num ambiente de orçamento apertado e expectativas de preços moderadas”, ressalta Oliveira.

Essa restrição no orçamento do comprador também já havia sido identificada em uma pesquisa feita pela Loft em dezembro de 2024 com residentes de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. O resultado do levantamento mostrou que quase metade (48%) dos entrevistados pretendiam gastar até R$ 350 mil na compra de um imóvel.

Outro levantamento, feito pela Brain Inteligência Estratégica e enviado ao Portas, constatou que, efetivamente, imóveis de menor valor foram os mais adquiridos no primeiro trimestre de 2025. Dentre os entrevistados da pesquisa que compraram um local, 85% comprou propriedades de até R$ 400 mil.

“O que a gente tem visto é que cada vez mais as pessoas estão dispostas a abdicar de área [nos imóveis], mas em compensação elas exigem ter as facilidades e opções de lazer dentro do condomínio”, pontua Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE.

Segundo a economista, as pessoas parecem mais dispostas a viver em moradias menores, até como forma de conseguir adquirir um imóvel em uma localização mais privilegiada. “Mas, em compensação, você exige que lavanderia, opções de lazer, salas de ginástica, espaços de pet, tudo isso seja ofertado pelo condomínio”.

Em resumo, as principais pesquisas indicam que o comprador busca:

  • Imóveis prontos e usados: preferência clara pela disponibilidade imediata, menor risco de obras e maior possibilidade de negociação.
  • Unidades de menor valor: maioria das compras concentrada em imóveis até R$ 350 – 400 mil.
  • Moradias compactas, mas funcionais: compradores aceitam menos metragem em troca de boa localização.
  • Condomínios com infraestrutura: demanda crescente por áreas de lazer, academia, lavanderia e espaços pet como forma de compensar imóveis menores.

O que busca o investidor imobiliário em 2025?

Como citado anteriormente, o Raio-X FipeZAP revela um perfil de investidor imobiliário que tem como foco um retorno financeiro estável por meio do aluguel (52%), em oposição a um investidor que pretende lucrar com a especulação.

Isso leva a uma valorização ainda maior de imóveis em localizações consolidadas e que tenham boa liquidez para locação (ou seja, que sejam alugados rapidamente).

Por outro lado, a pesquisa também revela que o investidor está aberto a negociações: 66% das transações imobiliárias feitas em junho de 2025 envolveram um desconto no valor anunciado. O valor está acima da média histórica de 64% da pesquisa.

Ainda segundo o levantamento, dentre as transações que foram feitas com redução no preço anunciado, esse desconto chegou a uma média de 10% em junho de 2025.

O que o Censo aponta como tendência para o mercado imobiliário?

“Nós estamos envelhecendo e envelhecendo rápido”, resume a economista Ana Maria Castelo, do FGV IBRE, ao relembrar o envelhecimento populacional detectado pelo Censo de 2022 como um dos fatores de impacto no mercado imobiliário brasileiro.

Um dos reflexos desse envelhecimento no mercado imobiliário, por exemplo, é o surgimento de alguns condomínios para idosos, voltados exclusivamente para o público de 60 anos ou mais.

Mas as consequências dessa tendência, segundo Castelo, podem se tornar mais evidentes até mesmo no tipo de imóvel mais valorizado nos próximos anos.

“Essa faixa etária vai começar a procurar um apartamento que possa adequar, ou que já venha adequado, para o envelhecimento”, diz a economista, que elenca algumas das características desse tipo de imóvel: “São questões como [a presença de] elevadores e geradores, a possibilidade de você poder adaptar o banheiro, a existência de portas maiores em caso de necessidade de cadeira de rodas”.

Qual o peso do cenário econômico?

O mercado imobiliário sofre influência direta do contexto macroeconômico, e principalmente das taxas de juros — que podem encarecer ou ampliar o acesso ao financiamento.

No Brasil, especificamente, a manutenção da taxa Selic em um patamar elevado gera um maior protagonismo do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

“A gente vê, principalmente a partir dessa forte elevação das taxas de juros em 2023, 2024 e 2025, o programa adquirindo um grande protagonismo dentro do mercado imobiliário. Então, você tem um perfil importante de [compradores de imóveis] vinculados à política habitacional”, relata Ana Maria Castelo, do FGV IBRE.

Paralelamente, a economista pontua que o encarecimento do financiamento imobiliário faz com que compradores dêem preferência a imóveis prontos em detrimento de imóveis na planta — já que os lançamentos sofrem maior influência da taxa de juros.

Além disso, as incertezas com relação ao futuro da economia criam um consumidor mais cauteloso. A pesquisa Raio-X FipeZAP identificou que, embora 42% dos entrevistados acreditem que o preço dos imóveis irá subir nos próximos 12 meses, essa parcela sofreu um recuo com relação ao segundo trimestre de 2024 (quando 46% acreditavam que o preço iria subir).

“Comparativamente, a participação de respondentes que partilham da expectativa de manutenção dos preços atuais oscilou de 24% para 27%, enquanto o grupo de participantes que apostavam na queda dos preços registrou um pequeno crescimento no período, oscilando de 9% para 11% das respectivas amostras trimestrais”, acrescenta o relatório.

Qual o impacto da geração Z na compra de imóveis?

Embora o Raio-X FipeZAP tenha identificado um aumento na idade média dos compradores de imóveis, outras pesquisas prevêem que a Geração Z terá um papel importante no mercado imobiliário a curto e médio prazo.

Isso porque, segundo uma pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica e enviada ao Portas, a Geração Z é a mais propensa a adquirir um imóvel, com quase metade (49%) dos entrevistados nessa faixa etária declarando intenção de comprar uma propriedade nos próximos 2 anos.

O levantamento revela também que 54% dos entrevistados da Geração Z têm como objetivo adquirir um apartamento, em oposição a outros tipos de imóveis como casas de rua e casas em condomínio fechado.

Vale ressaltar, porém, que o desejo por adquirir apartamentos é maior entre os jovens da geração Z que moram em capitais (59%) do que aqueles que residem no interior: segundo o levantamento da Brain, o apartamento é a escolha de 59% dos jovens da Geração Z que moram em capitais, com apenas 33% preferindo casas de rua. Já em cidades do interior, 46% dos entrevistados da geração Z preferem casas de rua, e 39% desejam adquirir apartamentos.

Jornalista Luiza Queiroz
Luiza Queiroz

Luiza Queiroz é jornalista formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com especialização em jornalismo de dados pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Acumula experiência em grandes veículos da imprensa nacional, como Veja, O Estado de S. Paulo e Casa Vogue, onde desenvolveu reportagens e conteúdos digitais sobre mercado imobiliário, arquitetura e decoração. Desde 2021, atua na equipe de checagem de fatos da Agence France-Presse (AFP), em São Paulo. Colabora com o Portas como jornalista autônoma, contribuindo com reportagens e análises sobre o setor imobiliário.

Luiza Queiroz é jornalista formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com especialização em jornalismo de dados pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Acumula experiência em grandes veículos da imprensa nacional, como Veja, O Estado de S. Paulo e Casa Vogue, onde desenvolveu reportagens e conteúdos digitais sobre mercado imobiliário, arquitetura e decoração. Desde 2021, atua na equipe de checagem de fatos da Agence France-Presse (AFP), em São Paulo. Colabora com o Portas como jornalista autônoma, contribuindo com reportagens e análises sobre o setor imobiliário.