
Os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) têm se tornado uma opção cada vez mais popular entre investidores que buscam diversificar suas carteiras e obter renda passiva por meio do mercado imobiliário, sem precisar comprar imóveis físicos. Contudo, diante da variedade de fundos disponíveis na Bolsa de Valores, escolher os melhores FIIs pode ser um desafio para quem não conhece os principais critérios de análise.
Para investir com segurança e maximizar os ganhos, é fundamental ir além das dicas superficiais e analisar detalhadamente os indicadores financeiros, o histórico de rendimentos e a qualidade da gestão de cada fundo.
Indicadores importantes para avaliar FIIs
Entre os principais indicadores a serem observados está o Dividend Yield (DY), que revela o rendimento pago pelo fundo em relação ao preço da cota. Embora um DY alto possa parecer atraente, ele pode indicar riscos ou queda no valor da cota, por isso, é importante buscar consistência e equilíbrio.
Para o analista de fundos imobiliários da Nord, Otmar Schneider, antes mesmo do dividend yield, é a receita operacional – NOI (Net Operating Income, que se traduz como Receita Operacional Líquida), que é o mais importante de se observar em um fundo imobiliário. “O NOI é crucial para avaliar a rentabilidade real do imóvel e identificar quais FIIs são mais eficientes na geração de caixa, mesmo que o fundo tenha dívidas ou faça outros investimentos’, diz.
Outros indicadores
Outro indicador importante é o P/VP, que relaciona o preço da cota ao valor patrimonial dos ativos do fundo. Um P/VP abaixo de 1 pode indicar que o fundo está sendo negociado abaixo do valor dos seus imóveis ou títulos, o que pode ser uma oportunidade, mas exige atenção para não investir em fundos com problemas.
A vacância, que representa a porcentagem de imóveis desocupados, também deve ser monitorada, já que alta vacância pode comprometer a receita futura do fundo.
Além dos números, o investidor deve conhecer o perfil do fundo, que pode ser do tipo tijolo (investimento direto em imóveis físicos), papel (títulos imobiliários), híbrido (combinação dos dois) ou fundo de fundos (investimento em cotas de outros FIIs). Cada tipo apresenta diferentes níveis de risco e oportunidades, e a escolha deve estar alinhada com os objetivos e perfil de cada investidor.
Gestão: um fator decisivo
Outro aspecto crucial é a gestão do fundo. A qualidade do gestor pode fazer grande diferença nos resultados, já que ele é responsável por decisões estratégicas, negociação de contratos e administração dos ativos. Gestoras com boa reputação, experiência consolidada e transparência tendem a garantir maior eficiência operacional e melhores resultados no longo prazo.
“Todo fundo de investimento é composto primeiramente por pessoas, e depois por ativos. Portanto, o critério qualitativo mais importante envolve não só a avaliação da gestão do fundo, como também a avaliação da gestora e seus processos e procedimentos”, afirma Nícolas Merola, analista da EQI Research.
Para ele, a gestão, quando bem-feita, busca tomar as decisões corretas, com base nas permissões e restrições do regulamento, que resultam na melhoria do fundo e de sua rentabilidade para o cotista. O contrário também é verdadeiro, uma gestão desleixada tem potencial de, mesmo com bons ativos, reduzir a rentabilidade do fundo. “A boa comunicação, a transparência, a ética e a capacidade técnica apurada são características essenciais da boa gestão”, diz.
Taxas cobradas
Além disso, é fundamental analisar as taxas cobradas pelo fundo, como a taxa de administração e, quando aplicável, a taxa de performance. Taxas muito elevadas podem reduzir significativamente o retorno líquido do investidor. Verificar a política de distribuição de rendimentos também é importante, pois a maioria dos FIIs deve distribuir pelo menos 95% dos lucros semestrais, mas a regularidade e frequência dos pagamentos variam.
Erros comuns dos investidores
E o erro mais comum? Para o analista da Nord, Otmar Schneider, é escolher por indicação. “Sem conhecer, ou seja, qual o ticker que eu invisto aqui?”, diz.
Para o analista da EQI, Nícolas Merola, o deslize mais visto é o uso abusivo dos indicadores na hora de se investir, principalmente o ranqueamento por dividend yield em busca daquele que paga mais. “Tão importante quanto uma boa análise quantitativa, se não mais, é uma análise qualitativa bem-feita e bem aprofundada”.
A forma de se evitar esse erro é por meio da busca pelo conhecimento. Ele pode ser tanto por meio de estudos quanto de consultas de materiais elaborados pelos profissionais.
Principais pontos a observar antes de investir
1. Avalie os principais índices e indicadores
- Dividend Yield (DY): mostra o percentual do rendimento pago em relação ao preço da cota. DY muito alto pode indicar risco ou queda de preço.
- P/VP: indica se a cota está sendo negociada acima ou abaixo do valor real dos ativos.
- Vacância: mede a porcentagem de imóveis desocupados. Alta vacância pode reduzir os rendimentos futuros.
- Liquidez: avalie o volume de negociação diária. Baixa liquidez dificulta a compra e venda de cotas.
- IFIX: índice que reúne os principais FIIs negociados na B3, usado como referência de desempenho.
2. Histórico de rendimentos: consistência importa mais que valor
FIIs com histórico sólido de distribuição de dividendos, mesmo que com DY mais modesto, tendem a ser mais confiáveis a longo prazo.
3. Conheça os ativos e o segmento do fundo
- Tijolo: imóveis físicos (shoppings, galpões, escritórios, hospitais);
- Papel: títulos imobiliários (CRI, LCI, etc.);
- Híbridos: combinação de imóveis físicos e ativos financeiros;
- Fundo de Fundos (FOF): cotas de outros FIIs.
4. Analise a gestão
Pesquise a gestora responsável, sua experiência, reputação e como o fundo se comportou em momentos desafiadores. Transparência e comunicação clara aumentam a segurança do investimento.
5. Outros pontos importantes
- Taxas: administração e performance podem corroer retornos.
- Política de distribuição: verifique regularidade dos pagamentos.
- Diversificação: evite concentração em um único fundo ou segmento.
Quadro Comparativo: Principais Indicadores para Avaliar FIIs
Indicador | O que é | Como interpretar | Exemplo prático |
---|---|---|---|
Dividend Yield (DY) | Percentual de rendimento anualizado sobre o preço da cota | DY alto pode ser bom, mas pode indicar risco. Busque consistência. | DY de 7% é atraente; 15% pode ser suspeito |
P/VP | Preço da cota dividido pelo valor patrimonial | P/VP < 1 indica desconto; > 1 expectativa positiva | P/VP = 0,9 pode indicar oportunidade |
Vacância | Percentual de imóveis desocupados | Alta vacância reduz receita futura | Vacância abaixo de 10% é ideal |
Liquidez | Volume de negociação diária | Baixa liquidez dificulta compra/venda | Liquidez acima de 100 mil cotas é boa |
Taxa de Administração | Percentual cobrado sobre patrimônio | Taxas altas diminuem retorno líquido | Entre 0,5% a 1% ao ano é comum |
Passo a Passo para Analisar um FII Antes de Investir
- Confira o perfil do fundo (tijolo, papel, híbrido ou FOF).
- Analise os indicadores financeiros: DY, P/VP, vacância, liquidez.
- Pesquise o histórico de rendimentos.
- Avalie a gestão e a reputação da gestora.
- Cheque as taxas cobradas.
- Estude os ativos que compõem o portfólio.
- Considere a diversificação.
- Monitore constantemente o desempenho.
Top 10 FIIs – Maiores Retornos Positivos em 2025
Ranking | Nome do Ativo | Ticker | Retorno |
---|---|---|---|
1 | VIDA NOVA RESP LIMITADA FII | FIVN11 | 164,52% |
2 | VIA PARQUE SHOPPING RESP LIMITADA FII | FVPQ11 | 87,09% |
3 | HECTARE CE RESP LIMITADA FII | HCTR11 | 42,79% |
4 | SANTANDER RENDA DE ALUGUÉIS RESP LIMITADA FII | SARE11 | 36,32% |
5 | RBR LOG RESP LIMITADA FII | RBRL11 | 35,62% |
6 | PÁTRIA LOGÍSTICA FII | PATL11 | 34,62% |
7 | REC LOGÍSTICA RESP LIMITADA FII | RELG11 | 34,54% |
8 | BRPR CORPORATE OFFICES RESP LIMITADA FII | BROF11 | 34,38% |
9 | VALORA RENDA IMOBILIÁRIA RESP LIMITADA FII | VGRI11 | 32,52% |
10 | BLUEMACAW LOGÍSTICA FII | BLMG11 | 32,45% |
Fonte: Quantum Finance – Retorno até 31/08/2025