mercado imobiliário de alto padrão
Imagem: Andrii Yalanskyi/iStock

O mercado imobiliário de alto padrão brasileiro, considerado mais resiliente aos juros elevados, começa a mostrar sinais de desaceleração após quatro anos de taxa Selic em dois dígitos. Corretores que vendem imóveis acima de R$ 1,5 milhão têm enfrentado mais dificuldade para convencer clientes a retirar dinheiro da renda fixa.

“Esse cliente já costuma cobrar uma oportunidade de negócio do incorporador e agora vai tentar negociar um preço ainda mais vantajoso”, afirma Cyro Naufel, diretor da imobiliária Lopes, em entrevista ao portal Metro Quadrado.

As vendas, que normalmente levavam 30 dias, agora demoram dois ou três meses, aponta Naufel.

Imóveis na planta enfrentam concorrência da renda fixa

A situação piora para imóveis na planta, segundo Peixoto Accyoli, CEO da RE/MAX Brasil. Durante o ciclo de construção de 18 a 36 meses, o saldo devedor é reajustado pelo INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que acumula alta de 7% em 12 meses.

“Se deixo o dinheiro no banco com a taxa de juros como está, posso comprar este mesmo imóvel em 24 meses ainda na planta e com mais rentabilidade”, explica Accyoli.

O affordability – poder de compra e acessibilidade – também piorou na avaliação de quem trabalha com o segmento. Segundo simulações da RE/MAX, a renda mínima para financiar um imóvel de R$ 2 milhões em 360 meses subiu de R$ 52.948 em 2023 para R$ 61.009 neste ano.

Incorporadoras já sentem o impacto

A Mitre, por exemplo, reportou queda de 13% em vendas líquidas no terceiro trimestre. O ritmo mais lento que o esperado nas vendas de estoque afetou o desempenho da companhia, aponta o BTG.

Um exemplo claro desta pressão é o projeto Daslu Residences, em São Paulo, que vendeu apenas 20,6% desde dezembro.

A Melnick é outra companhia do segmento a sentir a pressão da Selic alta. No terceiro trimestre, registrou recuo de 9%. Segundo o BTG, os resultados também refletem um cenário “mais sombrio para o médio e alto padrão dada à deterioração do affordability”.

Por outro lado, esse efeito ainda não apareceu nos dados agregados do setor, segundo levantamento da Brain. No segundo trimestre houve crescimento de 34,3% nas vendas acima de R$ 1,5 milhão. Os lançamentos, porém, estagnaram: foram 4.979 unidades entre janeiro e agosto, abaixo das 5,2 mil de 2024.

Com informações de Metro Quadrado

Marcela Guimaraes
Marcela Guimarães

editora/redatora

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)