
Até o final de 2025, a tendência dos preços de locação no país é de alta, como resultado dos juros elevados e inflação pressionada no setor. A análise é de Matheus Dias, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), ao comentar os dados do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar).
O Ivar acelerou de 0,28% para 0,30% de agosto para setembro, o maior resultado desde junho (1,02%). Apesar do aumento mensal, houve desaceleração de 4,08% para 4,04% na taxa em 12 meses.
“Foi um fator pontual [que levou à desaceleração do Ivar em 12 meses]”, afirmou Dias. Ele explica que o movimento ocorreu devido a uma retirada de taxa mensal elevada, da série histórica, referente a setembro do ano passado.
Naquela época, o Ivar do Rio Grande do Sul (uma das quatro capitais pesquisadas para cálculo do indicador), estava alto demais, já que o estado passou por crise climática com destruição de edificações, elevando o preço de locação por lá e impulsionando o indicador como um todo.
Rio de Janeiro lidera alta dos aluguéis entre capitais
De agosto para setembro, o Ivar acelerou em três das quatro capitais pesquisadas. No Rio de Janeiro, os preços avançaram de 0,27% para 1,02%, a maior alta entre as capitais. Em Belo Horizonte, os aluguéis subiram de 0,40% para 0,55%. Em São Paulo, a variação passou de 0,06% para 0,37%. Porto Alegre foi exceção, com queda de 0,40% após subir 0,59% em agosto.
Na taxa em 12 meses, Belo Horizonte teve maior aceleração, saltando de 7,93% em agosto para 9,01% em setembro. São Paulo passou de 1,82% para 2,69%. No Rio de Janeiro, a taxa acumulada foi de 3,82% para 4,29%. Porto Alegre desacelerou 2,51 pontos percentuais, de 4,56% para 2,05%.
Selic a 15% pressiona demanda por locação
De acordo com Matheus Dias, a inflação no setor opera pressionada. Além do Ivar elevado, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acelerou de 0,31% em julho para 0,79% em agosto.
O contexto macroeconômico também influencia. A taxa básica de juros (Selic) opera a 15% ao ano, maior patamar desde 2006. “Como os juros estão elevados, os que desejam comprar imóvel via financiamento adiam a decisão e se voltam para alugar”, explicou. Isso eleva a demanda por locação e pressiona os preços para cima.
*Com informações de Valor Econômico