novas regras do crédito imobiliário
Imagem: ktasimarr/iStock

As instituições bancárias demonstram preocupação com as novas regras do crédito imobiliário anunciadas pelo governo federal. A leitura preliminar das instituições indica que operações de prazos mais longos podem não ser atrativas, criando risco de reduzir concessões em vez de incentivá-las.

O principal problema, segundo os bancos, está no descasamento entre prazos dos contratos de financiamento, que chegam a 30 anos, e o período de direcionamento de recursos à modalidade. Outro ponto crítico seria o teto de 12% ao ano para juros no Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

A partir de 2027, não haverá mais direcionamento automático da poupança para crédito imobiliário. Os bancos captarão recursos no mercado e poderão usar a poupança livremente, mas terão que destinar volume equivalente ao financiamento habitacional em cinco a sete anos.

Bancos preocupados com limitações do modelo

A Febraban elogiou as mudanças no funding, mas alertou que as taxas precisam ser “atrativas também para quem empresta”. A entidade destacou que “é imprescindível que governo e setor privado atuem de forma conjunta, apoiando novas fontes do crédito imobiliário”.

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) foi mais crítica ao teto de 12%, que “tende a limitar a oferta a poucos agentes e públicos específicos”. Segundo a ABBC, os estímulos restringem-se a instituições com depósitos de poupança, que têm demonstrado queda nos saldos, limitando os efeitos da medida.

O entendimento inicial dos bancos privados é que o modelo pode funcionar apenas em ambiente de Selic baixa. Como esse cenário não é garantido no Brasil, pode ocorrer limitação das concessões.

Descasamento de prazos preocupa instituições

A partir de 2027, os bancos terão que captar recursos no mercado e destinar volume equivalente ao financiamento habitacional em prazo de cinco a sete anos. Do montante, 80% devem ir para o SFH, com taxas limitadas a 12% mais TR.

Segundo Guilherme Mello, secretário de política econômica da Fazenda, “se o banco quiser usar os recursos por mais sete anos, precisará fazer uma nova concessão. Isso vai acelerar e aumentar o volume do crédito”.

“Obviamente, é interesse do banco fazer o empréstimo, não só para atender os seus clientes, mas também para ter a possibilidade de investir livremente o seu recurso e ganhar com esse diferencial de rentabilidade”, disse Mello.

Já fontes do setor imobiliário ouvidas pelo Valor Econômico apontam que essa situação pode dificultar a gestão de ativos e passivos das instituições financeiras. O banco terá recursos baratos da poupança por até sete anos e, no restante do prazo do contrato, dependerá das captações convencionais.

O Banco Central, por outro lado, calcula que a reforma viabilize R$ 111 bilhões no primeiro ano, sendo R$ 52,4 bilhões adicionais. Durante o lançamento do novo modelo de financiamento imobiliário, o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, afirmou que não é “solução paliativa, mas mudança estrutural”.

O governo testará o modelo em 2026, com vigência plena em janeiro de 2027.

*Com informações de Valor Econômico

Marcela Guimaraes
Marcela Guimarães

editora/redatora

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)

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