
A escassez de mão de obra na construção civil vai além dos trabalhadores braçais nos canteiros. Com os lançamentos imobiliários em alta, incorporadoras e construtoras também enfrentam falta de engenheiros civis.
“A velocidade com que o mercado está crescendo é maior do que a disponibilidade de profissionais”, disse Yorki Estefan, presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) ao portal Metro Quadrado.
Segundo representantes do setor, menos jovens estão dispostos a entrar no curso de engenharia civil e parte dos formados prefere outros mercados. O setor financeiro, por exemplo, oferece vagas de entrada com salários maiores e carreiras mais promissoras.
“Esses profissionais que saíram do mercado de construção civil formal e foram para o mercado financeiro, infelizmente eles não voltam mais,” diz Yorki.
Mercado cresce mais rápido que formação de profissionais
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil tem cerca de 5,6 engenheiros para cada 100 mil habitantes. Para se fazer uma comparação, nos Estados Unidos, Japão e Alemanha, essa proporção chega a 25 por 100 mil habitantes.
Dos 150 mil engenheiros civis registrados no CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo), apenas 17% emitiram a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) em 2025.
Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), queda do interesse já aparece na graduação: a engenharia civil esteve entre os 10 cursos com mais ingressantes entre 2010 e 2019, no entanto, saiu dessa lista em 2020.
Na PUC-SP, o curso recebeu 83 alunos novos em 2014, mas iniciou 2024 com apenas 11 novos alunos. “A engenharia viveu anos muito difíceis depois de 2015. Muitos alunos passaram a olhar para outras áreas porque não enxergavam previsibilidade na carreira”, disse Matheus Marquesi, coordenador do curso na PUC-SP.
Os dados acendem um alerta: a escassez de engenheiros pode travar obras de infraestrutura e programas importantes como o Minha Casa Minha.
“Se o Brasil não enxergar esse segmento como estratégico, a economia como um todo será afetada”, defende Vida Vinicius Marchese, presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).
*Com informações de Metro Quadrado

