
A nova Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) ainda registra vendas tímidas, mas não por ausência de demanda, mas pela oferta ainda pequena de produtos deste segmento por parte das construtoras.
Uma pesquisa da consultoria Brain com pessoas elegíveis – renda familiar entre R$ 8,6 mil e R$ 12 mil – revela que 79% disseram que a faixa 4 aumentou sua intenção de compra nos próximos 24 meses após criação da modalidade.
“O comprador dessa faixa de renda é quem mais sofreu com os juros altos e viu seu poder de compra achatado na hora de comprar a casa própria”, afirma Guilherme Werner, sócio-consultor da Brain.
Oferta limitada freia crescimento inicial
O governo federal anunciou a Faixa 4 em abril, elevando o limite de renda e o teto de financiamento para imóveis de até R$ 500 mil. Nos primeiros dois meses, porém, foram comercializadas menos de 10 mil unidades – metade do ritmo projetado pelo governo.
A baixa oferta, portanto, explica o início lento: juros elevados levaram incorporadoras a reduzir lançamentos para classe média, além da restrição do financiamento apenas para pessoas físicas.
Por outro lado, há uma intenção de mudar este cenário. Outro levantamento da Brain mostra que 59% das empresas com faturamento superior a R$ 500 milhões anuais planejam produtos para a categoria nos próximos 12 meses.
A Moura Dubeux e a Direcional, por exemplo, já firmaram parceria para projetos MCMV no Nordeste, incluindo o público da Faixa 4.
Juros altos impactam diferentes faixas de renda
Para quem não se enquadra no MCMV e depende do financiamento bancário, os obstáculos persistem. A pesquisa Brain identificou como principais entraves o valor das parcelas (40%), a entrada (24%), o financiamento insuficiente (16%) e a aprovação bancária (14%).
A pesquisa mostra ainda que uma queda de 2 a 4 pontos percentuais nos juros aumentaria a intenção de compra de 60% dos entrevistados.
Por faixa de renda, o impacto seria maior no Grupo 1 – R$ 5 mil a R$ 10 mil (65%), seguido pelo Grupo 2 – R$ 10 mil a R$ 20 mil (52%) e Grupo 3 – acima de R$ 20 mil (27%).
Alto padrão desacelera pelo segundo trimestre
Até mesmo o mercado de alto padrão tem sentido o peso dos juros e reduziu o ritmo pelo segundo trimestre consecutivo, como mostrou um relatório da Bossa Nova Sotheby’s International Realty.
O crescimento caiu de 25% no primeiro trimestre para 6,5% no terceiro, em imóveis acima de R$ 2 milhões, segundo o levantamento.
“Nós acreditávamos que 2025 seria um ano muito forte, mas o mercado foi perdendo bastante a pujança ao longo dos meses”, diz Marcello Romero, CEO da empresa. A Selic em 15% mantém compradores em “compasso de espera”, aproveitando rendimentos altos.
*Com informações de Metro Quadrado

