
A inadimplência condominial atingiu 11,95% no primeiro trimestre de 2025, o maior índice desde 2022, segundo dados da plataforma de gestão condominial uCondo. O cenário é reflexo do apertado orçamento das famílias brasileiras e do alto nível de endividamento da população.
“Quando as pessoas param de pagar as taxas condominiais é porque provavelmente já deixaram de arcar com outras contas. É um sinal de alerta”, explica Léo Mack, cofundador da uCondo, em reportagem do Estadão.
O especialista aponta as altas taxas de juros (Selic a 15% ao ano) como fator que impacta diretamente o bolso dos brasileiros.
Taxa de condomínio sobe e inadimplência acompanha
O aumento da inadimplência acompanha o avanço do preço da taxa de condomínio. A média nacional passou de R$ 501 no último semestre de 2024 para R$ 516 neste ano, segundo levantamento da uCondo.
Outro estudo do Grupo Superlógica confirma a tendência, mostrando inadimplência de 6,80% em setembro, a segunda maior média do ano. “O aumento da inflação e da taxa de juros reduzem o poder de compra da população”, sugere João Baroni, diretor de crédito do Grupo Superlógica.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 79,5% das famílias têm compromissos financeiros pendentes. Destes, 30,5% estão com dívidas atrasadas.
Empresas desenvolvem produtos contra inadimplência
O risco de atrasar reformas e manutenção por falta de pagamento criou mercado promissor para empresas que desenvolvem soluções para condomínios brasileiros.
O Grupo Superlógica captou R$ 75 milhões em 2021 para financiar o Inadimplência Zero, produto que garante o pagamento da taxa condominial. A empresa cobra de 1% a 10% do boleto mensal e já garantiu R$ 3,1 bilhões a 2,1 mil condomínios.
A LLZ Garantidora projeta crescimento de 35% este ano, com 2.700 clientes e previsão de encerrar o ano com R$ 2,6 bilhões garantidos. “É uma garantia de previsibilidade aos condomínios, mesmo em ciclos de baixa”, diz Zener Costa, CEO da empresa.
“O número de condomínios lançados no Brasil está crescendo ano a ano, mas essa gestão ainda é muito amadora”, diz Mack, da uCondo. A empresa desenvolveu assistente de inteligência artificial generativa que ajuda síndicos e administradores com dúvidas jurídicas e financeiras.
*Com informações de Estadão

