
O setor imobiliário enfrenta um “credit crunch” – período em que as instituições financeiras se tornam menos dispostas a emprestar dinheiro -, mas o mercado de capitais tem conseguido ocupar esse espaço.
“Cada vez mais a gente vê o aumento da importância de outras fontes e que hoje representam parcela importante do financiamento imobiliário“, afirma Alessandro Vedrossi, sócio-diretor de ativos reais da Valora. As declarações foram dadas durante conferência do J.Safra Investment.
No mesmo evento, o chefe da área de emissões de dívida do J. Safra Investment Banking, Rafael Garcia, destacou que desde 2020 a poupança, principal fonte de financiamento do crédito imobiliário, não tem captação positiva, com a carteira de empréstimos quase do tamanho do funding.
Porém, na visão de Alessandro Vedrossi, o dinheiro da poupança não vai acabar, apenas perderá protagonismo. Ele acredita que a conexão entre gestoras de recursos com emissores criou produtos iguais “ou até mais eficientes do que o plano empresário” financiado pelo setor bancário tradicional.
Confirmando este movimento, Arturo Profili, sócio-fundador da Capitânia Investimentos, revelou que o mercado de capitais saltou de R$ 1 trilhão para R$ 5 trilhões em quatro anos, crescendo entre 35% e 40% ao ano. A alta resulta não só do volume das gestoras, mas da participação de pessoas físicas, fundos de pensão e bancos.
“Há uma grande oportunidade de crescimento para os gestores de recursos na interação com o mercado de capitais”, disse Profili. Ele citou que existem de 50 a 100 gestoras brasileiras bem equipadas com patrimônio entre R$ 5 bilhões e R$ 100 bilhões.
Por outro lado, as operações de mercado de capitais exigem maior transparência das empresas, adverte Rafael Quintas, executivo-chefe de investimentos do Safra. Ele citou a evolução da governança através dos ritos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“Há todo um rito a seguir de oferta pública pela CVM que faz com que as companhias deem passos na evolução da sua governança, com maior transparência e diligência de números”, afirmou.
O executivo acrescentou ainda, que o monitoramento não se limita a emissores e gestores com times para analisar os projetos, mas se estende aos prestadores de serviços como securitizadoras e agentes fiduciários.
*Com informações de Valor Econômico