Imagem: Andrii Yalanskyi/iStocl
Imagem: Andrii Yalanskyi/iStocl

O mercado imobiliário brasileiro se manteve aquecido em 2025, mesmo com a Selic no maior patamar em 20 anos. Esse bom desempenho se deve ao crédito via FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que sustenta o programa Minha Casa, Minha Vida e também ao mercado de luxo, que permanece resiliente.

“A concessão de crédito está em um nível tão alto quanto o de 2021”, afirma Coriolano Lacerda, gerente de inteligência de mercado do Grupo OLX. Ele lembra que, naquele ano, o contexto era totalmente diferente: a taxa de juros estava na faixa dos 5% no financiamento de imóveis.

Já no cenário atual, além do programa habitacional do governo federal, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e o baixo desemprego também sustentam a demanda alta.

A taxa de desocupação atingiu mínima histórica de 5,6% no terceiro trimestre, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Aluguéis sobem acima da inflação

O aluguel subiu 9,9% nos 12 meses até setembro, acima da inflação de 5,2% medida pelo IPCA, segundo o índice FipeZAP divulgado pela Exame. O valor de venda avançou 6,9% no mesmo período, reflexo do mercado aquecido, principalmente nas capitais.

Os dados mostram que a classe média continua dependente do aluguel, sem acesso a programas habitacionais nem poder de compra para imóveis de alto padrão. Por isso, o governo lançou novo modelo de crédito imobiliário para ampliar o acesso desse grupo, mas os resultados ainda são incertos.

De Porto Alegre a Manaus, cenários distintos

O Rio de Janeiro apresenta mercado consistente, com alta de 4,8% no metro quadrado de seminovos, ficando abaixo da média nacional e da inflação. As buscas concentram-se na zona sul, como Ipanema e Leblon, estendendo-se à Barra da Tijuca. Nas zonas norte e oeste, as moradias populares aquecem o mercado, com destaque para lançamentos da Cury pelo MCMV. Os aluguéis subiram 10,1%, bem acima da inflação.

Belo Horizonte lidera o crescimento na venda de usados, com alta de 13,5%, quase o dobro da média nacional. A demanda concentra-se no Belvedere, que deixa de ser apenas residencial para se tornar polo comercial de luxo. A região atrai compradores de Nova Lima, município em boom demográfico. A cidade possui a maior média salarial do Brasil, com renda de 6.929 reais mensais.

Salvador registrou alta de 16,9% nos preços de venda e 17,2% nos aluguéis, bem acima da média nacional. A capital baiana tem demanda por toda a costa, da Barra até Lauro de Freitas, atraindo inclusive interesse internacional para locação. A Câmara Municipal aprovou projeto autorizando prédios com mais de 25 andares na orla. A cidade ainda é pouco verticalizada, com primeiros edifícios surgindo nos anos 1940.

Curitiba teve alta de 11,1% nas vendas, destacando-se pelos lançamentos de alto padrão em bairros como Batel, Água Verde e Ecoville. O segmento econômico tem menor presença na capital paranaense. Os aluguéis desaceleraram pelo terceiro ano consecutivo, após recomposição pós-pandemia. “Os valores se ajustaram”, explica Paula Reis, economista do Grupo OLX.

Porto Alegre desacelerou nos aluguéis após as enchentes, com variação de 9,4% ante 25,5%. Foi a única capital com queda populacional (-0,04%), segundo o IBGE. O estoque em setembro era de 4.694 imóveis, acima da média de 4.549, mas as vendas ficaram abaixo da mediana. As vendas mantiveram crescimento de 7,1%, ante 6,3% no período anterior.

Goiânia registrou a maior desaceleração no preço médio de venda entre as cidades analisadas, com variação de apenas 2,2% em 12 meses. No período anterior, os preços haviam subido 14,8%. O aluguel também desacelera desde 2023, quando chegou ao pico de 32,8%, registrando 9,7% até setembro. “Isso acontece após um ciclo hiperdinâmico de lançamentos. A cidade passa por normalização”, explica Lacerda.

Manaus mantém demanda menos aquecida, com preço de venda avançando 7,4% nos últimos 12 meses. “O mercado manauara é sensível a ciclos econômicos”, afirma Lacerda. Após a pandemia, a cidade viveu crescimento de preços com queda dos juros e ritmo menor de lançamentos. O aluguel subiu apenas 5,1%, bem abaixo da média nacional de 9,9%, sendo a única capital em linha com o IPCA.

Recife vem desacelerando desde 2022, com alta de 4,7% na venda de seminovos ante 7,5% no período anterior. O aluguel cresceu 13,4%, contra 15,9% anteriormente. No mercado de lançamentos, a capital pernambucana ocupa o terceiro lugar no Índice de Demanda Imobiliária (IDI) para alto padrão. Construtoras regionais investem em empreendimentos para clientes mais abastados, com renda familiar superior a 24.000 reais.

Florianópolis mantém foco no mercado de luxo, com 8,5% de alta nas vendas e 10,7% nos aluguéis. Quatro cidades catarinenses estão no top 5 das localidades com o metro quadrado mais caro do Brasil. A capital teve 447 lançamentos de luxo no primeiro semestre de 2025, contra 723 em 2024. A oferta de unidades econômicas (até 700.000 reais) representa apenas 10% dos estoques, enquanto os imóveis de luxo somam quase 20%.

*Com informações de Exame

Marcela Guimaraes
Marcela Guimarães

editora/redatora

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)