
O público que busca imóveis entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões, considerado o “piso” do alto padrão residencial, está ficando desassistido no mercado imobiliário brasileiro.
Rodrigo Luna, presidente do Secovi-SP, afirmou em entrevista ao portal Metro Quadrado, que essa faixa de compradores vem sendo ignorada pelas incorporadoras. O cenário de juros elevados e as mudanças de regras urbanísticas estão entre os motivos.
Com o alto custo do crédito, os lançamentos passaram a se concentrar nos imóveis de altíssimo padrão, cujos compradores são menos sensíveis à inflação e à Selic, e na habitação popular, que conta com mais incentivos à produção e ao financiamento.
Segundo o Secovi, o segmento intermediário sente tanto o impacto do financiamento bancário quanto do custo de oportunidade da renda fixa.
Vendas desaceleram e lançamentos recuam
Dados da Bossa Nova Sotheby’s Realty mostram que os imóveis entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões tiveram o pior desempenho de 2025, com as vendas desacelerando de 25% no primeiro trimestre para 6,5% no terceiro. Segundo o último relatório do Secovi-SP, até outubro, as vendas do Minha Casa Minha Vida cresceram 26%, enquanto os demais segmentos recuaram 3%.
Entre 2023 e 2025, os lançamentos do programa voltado à baixa renda em São Paulo saltaram de 45% para 61%. Já os demais residenciais caíram de 55% para 39%. Luna também associa a redução da oferta às regras do Plano Diretor, Zoneamento, ZEUs e às outorgas onerosas, que elevam o custo dos projetos fora do padrão de Habitação de Interesse Social.
Apesar da correção recente do teto de financiamento via Sistema Financeiro Habitacional (SFH) para R$ 2,2 milhões, o dirigente avalia que a oferta seguirá restrita em 2026. Para ele, a retomada depende de políticas públicas específicas e de uma queda mais intensa da Selic.
*Com informações de Metro Quadrado

