
A falta de recursos para o pagamento da entrada representa a principal barreira para a aquisição da casa própria para 50% dos moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O dado integra o estudo “Retratos do morar“, realizado pela Ipsos-Ipec a pedido do QuintoAndar. O estudo foi apresentado durante a Casacor Minas 2025.
Segundo a pesquisa, 33% dos entrevistados gostariam de guardar dinheiro, mas as despesas consomem toda a renda. Outros 31% apontam que os valores dos imóveis subiram demais. O preço do metro quadrado em Belo Horizonte avançou 5,93% em 2024, atingindo R$ 5.032, segundo o Relatório de Compra e Venda QuintoAndar.
“A pesquisa revela um desejo latente pela casa própria em Belo Horizonte, mas que esbarra em uma realidade financeira desafiadora, especialmente em um cenário de juros elevados – fator apontado por 16% dos entrevistados, inclusive, como impeditivo para seguir com a transação”, afirma Thiago Reis, gerente de Comunicação e Dados do QuintoAndar.
Em novembro de 2024, a Caixa Econômica Federal — detentora da maior fatia dos financiamentos imobiliários no país — alterou as regras de entrada para financiamentos. No Sistema de Amortização Constante (SAC), a entrada subiu de 20% para 30% do valor do imóvel. No sistema Price, o percentual aumentou de 30% para 50%.
Desejo X dificuldade financeira
Apesar das dificuldades, 47% dos entrevistados dizem que pretendem comprar um imóvel. Para 33% dos moradores da RMBH, a aquisição representa investimento em segurança patrimonial. Este percentual é superior ao de São Paulo e Rio de Janeiro, onde apenas 25% citam essa motivação.
“É interessante notar um perfil mais pragmático na Grande BH, que, diante de um cenário de maior restrição orçamentária, enxerga a aquisição da casa própria não apenas como um desejo, mas, acima de tudo, como a construção de um patrimônio sólido e uma garantia de estabilidade para o futuro”, afirma Thiago Reis.
Outros fatores motivam a compra: realizar um sonho (31%), ter imóvel melhor que o atual (29%) e não pagar aluguel (28%). A pesquisa mostra ainda, uma resistência a apartamentos compactos. Pelo menos 1 em cada 4 entrevistados não moraria “de jeito nenhum” em imóveis de até 37 m² com móveis multifuncionais.
“É um percentual numericamente mais alto que o de outras regiões metropolitanas, um dado que reflete a cultura imobiliária da própria região”, explica Reis. Segundo ele, diferentemente de outras grandes capitais o morador da Grande BH tem como referência imóveis mais amplos. Em SP e Rio, a oferta de apartamentos compactos e de um quarto já são uma realidade há mais tempo.
Em relação à escolha do imóvel, segurança e tranquilidade lideram as preferências (44%). Na sequência, vêm acessibilidade a serviços e comércio (33%), proximidade do trabalho ou escola (19%) e privacidade (19%). A pesquisa indica que 67% moram em casas e 30% em apartamentos, com média de três pessoas por residência.
Ainda de acordo com o estudo, as “cohousings” enfrentam rejeição ainda maior, de 40% dos entrevistados. Nesse modelo, moradores mantêm casas privativas, mas compartilham áreas comuns como jardim e área de jantar, tomando decisões conjuntas para promover vida em comunidade.
*Com informações de O Tempo