
O novo modelo de crédito imobiliário anunciado pelo governo federal em 10 de outubro deve beneficiar companhias listadas na bolsa, segundo relatórios do Bank of America e BTG Pactual.
O programa elimina gradualmente o limite compulsório de recursos da poupança, expandindo a originação de crédito imobiliário no Brasil, além de alterar regras do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), aumentando o teto de financiamento de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. A Caixa Econômica Federal também ampliou o limite de financiamento (LTV) de 70% para 80%.
Segundo relatório do Bank of America (BofA), bancos incumbentes como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) devem ser os principais beneficiados com as mudanças.
O limite de 12% ao ano em financiamentos da Caixa não prejudica bancos privados, afirma o BofA, já que a maioria deles oferece juros menores. Ou seja, não perdem a competitividade. A própria Caixa tem juro médio de 7,6% e o Banco do Brasil (BBAS3) de 8,8%.
Entre as fintechs, o Banco Inter deve aproveitar para surfar as novas regras, segundo o banco americano. “Já na Caixa Seguridade (CXSE3), esperamos que a medida traga um aumento no prêmio na escrituração de seguros”, comenta Mario Pierry, analista do BofA.
Construtoras de médio e alto padrão ganham destaque
O BTG Pactual considera positivo o novo modelo de crédito imobiliário para construtoras de alto e médio padrão, proporcionando “algum alívio” no crédito em meio à Selic de 15% ao ano.
“Acreditamos que traz benefícios marginalmente maiores para o segmento de média renda”, afirma Gustavo Cambauva, analista da instituição.
Cyrela e Eztec lideram expectativas do mercado
Os bancos Goldman Sachs e Bradesco BBI destacam a Cyrela (CYRE3) e a Eztec (EZTC3) como principais beneficiárias da reforma do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
O Goldman mantém visão positiva para a Cyrela, citando sua estratégia que combina lançamentos para baixa e alta renda. Os analistas do banco citam a estratégia ‘barbell’ da companhia, que combina lançamentos voltados à baixa e alta renda — como uma vantagem para sustentar o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, sigla em inglês para return on equity).
Já o Bradesco BBI avalia que a reforma pode facilitar o acesso ao crédito para mutuários de renda média, em um momento de pressão sobre o SBPE com saídas persistentes de recursos. Ainda assim, a instituição ressalta que a reação dos bancos privados será determinante para o sucesso do novo modelo.
Atualmente, bancos direcionam 65% dos depósitos da poupança para crédito imobiliário. Com a mudança, 100% dos recursos poderão ser aplicados, desde que originem novos financiamentos. A implementação será gradual até 2027.
O ministro Fernando Haddad afirmou que 2026 será ano de teste. O governo também criou linha de crédito para reformas, para famílias com renda até R$ 9.600, com juros entre 1,17% e 1,95% ao mês.
*Com informações de Valor Investe e InfoMoney