
Com as mudanças nas regras do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional (CMN) que afetam diretamente o mercado de imóveis, especialistas preveem impactos nas Letras de Crédito Imobiliário (LCI) já em 2025.
As novas regras eliminam a obrigação dos bancos direcionarem 65% dos depósitos para crédito imobiliário a partir de 2027. Isso dará maior liberdade para usar outras fontes de captação – principalmente as LCIs –, mas o consenso do mercado indica um caminho inverso: a poupança ficará competitiva novamente.
Segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, “as LCIs deixam de ser o único instrumento privilegiado para captar recursos imobiliários, o que pode pressionar seus spreads”.
LCIs crescem 25% no primeiro semestre de 2025
No primeiro semestre, as emissões de LCI cresceram 25% ante o mesmo período de 2024, totalizando R$ 113 bilhões captados pelos bancos, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Enquanto isso, as debêntures caíram 6,8%.
As LCIs ganharam relevância enquanto a poupança perdeu atratividade. De 2011 a 2025, financiamentos imobiliários saltaram de R$ 178 bilhões para R$ 1,72 trilhão, enquanto depósitos da poupança subiram de R$ 319 bilhões para R$ 762 bilhões.
Para Robson Casagrande, da GT Capital, “a poupança ganhará espaço como principal fonte de financiamento imobiliário”, reduzindo emissões de LCI. “Sem dúvida, a tendência é negativa para os retornos”, diz. “Com a poupança mais competitiva, os bancos não precisarão disputar tanto o capital via LCIs, o que deve comprimir os prêmios oferecidos”, afirma.
Lima concorda que as emissões podem desacelerar, mas espera efeito contrário nas taxas: “Para que as LCIs continuem atraentes ao investidor, os emissores terão que elevar levemente os spreads, sobretudo se a poupança ‘roubar a cena’.”
Casagrande pondera que “a isenção de Imposto de Renda e segurança seguirão atraindo o perfil conservador, mas a vantagem comparativa em relação a outros investimentos deve diminuir”.
Os primeiros impactos devem aparecer “nos próximos meses”, segundo Lima, com ajustes gradativos até janeiro de 2027.
*Com informações de Infomoney