ISS Airbnb
Imagem: OhmZ/iStock

As cidades brasileiras de Salvador (BA), Petrópolis (RJ), Olímpia (SP) e Ponta Grossa (PR) aprovaram leis para cobrar Imposto Sobre Serviços (ISS) sobre aluguéis de temporada em plataformas como Airbnb. São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Florianópolis (SC) também já possuem projetos de vereadores em tramitação sobre o tema.

A tendência também se espalha para outras regiões do país e chega a municípios do Centro-Oeste, como Bonito (MS) e Bodoquena (MS), além de Santarém (PA), que já solicitaram dados das plataformas para autuar anfitriões.

As administrações municipais entendem que pessoas físicas que têm ganhos com o aluguel por temporada via plataformas — os anfitriões — estariam sujeitas ao ISS. O município de Bonito até ajuizou ação para obrigar o compartilhamento das informações do Airbnb.

Já o Airbnb vê pressão do setor de hospedagem por trás do movimento. “Temos visto um padrão se repetindo em várias cidades, que são prefeitos e câmaras municipais sendo pressionadas por setores da hotelaria para aumentar a arrecadação tributária em cima da atividade de aluguel por temporada”, afirma Henrique Índio do Brasil, diretor tributário do Airbnb para América Latina e Canadá, para o jornal Folha de S. Paulo.

Disputa jurídica divide prefeituras e plataformas

As prefeituras que seguem por este caminho enquadram o aluguel por temporada como serviço de hospedagem para cobrar o imposto municipal. As plataformas discordam, argumentando que a atividade constitui contrato de aluguel conforme o Código Civil, não prestação de serviço.

Atualmente, empresas como o Airbnb pagam ISS sobre comissões de intermediação. O tributo fica com São Paulo, onde está a sede. O que os outros municípios querem é mudar essa lógica, ao tributar o valor da locação que fica com o proprietário.

A renda do anfitrião pessoa física está sujeita apenas ao Imposto de Renda, que pode chegar a 27,5%. A alíquota do ISS varia conforme o local, sendo 5% na maioria dos grandes municípios.

Petrópolis avança no Judiciário

O caso de Petrópolis é o mais avançado juridicamente. Em julho, a 8ª Câmara de Direito Público do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) determinou a responsabilidade do Airbnb em reter e repassar ISS sobre hospedagens ao município.

Já a cidade de Salvador sancionou uma lei em outubro citando a decisão do TJ-RJ. A prefeitura justifica a cobrança para “corrigir distorção e assegurar concorrência com meios de hospedagem tradicionais”.

“Não há decisão definitiva nem para um lado nem para o outro”, afirma Henrique Índio do Brasil, representantes do Airbnb. A empresa diz que a retenção não está sendo feita devido a recurso pendente. Ele argumenta que existe uma clara distinção jurídica entre o que é serviço e o que é aluguel, tanto na lei quanto na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

Segundo um estudo feito pela consultoria LCA a pedido do Airbnb, enquanto a tributação do aluguel na pessoa física pode ir de 0% a 27,5% no Imposto de Renda, a hotelaria tem uma carga média de 11,9%, segundo estimativa da consultoria para os tributos sobre lucro (IRPJ/CSLL) e faturamento (PIS, Cofins e ISS). Ou seja, muitos anfitriões tem uma carga superior ao do setor hoteleiro.

Reforma tributária mudará cenário em 2033

Apesar de toda essa movimentação, a Reforma Tributária deve alterar o cenário em 2033: os ISSs municipais serão extintos, sendo substituídos pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).

Já a partir de 2027, haverá cobrança sobre locações de pessoas físicas com mais de três imóveis e renda anual acima de R$ 240 mil.

*Com informações de Folha de S.Paulo

Marcela Guimaraes
Marcela Guimarães

editora/redatora

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)