
O retrofit de prédios antigos se tornou estratégia para incorporadoras conseguirem entrar em regiões disputadas onde não há áreas novas para construir. A técnica também pode transformar vizinhanças, geralmente elevando o padrão das construções, mas a Caixa Econômica Federal quer evitar que isso signifique gentrificação.
Na região portuária do Recife, a incorporadora Moura Dubeux está convertendo silos de grãos centenários em apartamentos de 19 a 68 metros quadrados. O projeto, com entrega prevista para 2026, preserva a forma dos silos e criou unidades em formato de “pizza, meia pizza ou uma pizza e meia”, conforme o diâmetro ocupado. Todos os apartamentos já foram vendidos, com Valor Geral de Vendas (VGV) líquido de R$ 58 milhões.
“Ajuda a conectar a ideia da empresa com a cidade, é gerador de valor e confiança”, afirma Diego Villar, CEO da Moura Dubeux. Segundo ele, em projetos como esse, o objetivo não é ganhar dinheiro, mas deixar uma marca. A empresa tem outros três retrofits em andamento, convertendo antigos hotéis em residenciais.
Na outra ponta do mapa, a gestora HSI escolheu o retrofit para ter um prédio de escritório de alto padrão no concorrido Leblon, no Rio de Janeiro. A empresa comprou em 2022 um prédio que abrigou a sede da Oi e conseguiu ampliar a área de 12 mil para 20 mil metros quadrados. “Melhorou muito a conta”, afirma Bruno Greve, sócio da HSI, que espera aluguel superior a R$ 300 por metro quadrado.
Financiamento da Caixa para evitar gentrificação
Para evitar que o retrofit signifique gentrificação, a Caixa lançou linha de financiamento para reformas focada no segmento econômico do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). “Não nos interessa produzir a R$ 30 mil o metro quadrado”, diz Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa.
A linha financia 100% da obra, incluindo a compra do terreno, e antecipa até 50% do custo previsto. “Com isso, queremos possibilitar que empresas médias se especializem, porque as grandes não têm esse perfil”, afirma Magalhães. Segundo ela, 40 projetos estão em análise e contratações já foram feitas no Rio, João Pessoa e Cubatão (SP).
O financiamento pode contemplar atualização de prédios residenciais ou conversão de uso de outros empreendimentos para habitações. Há interesse especialmente na recuperação dos centros antigos das cidades. “Não se viabiliza um processo de recuperação de uma área central se tiver só um perfil de morador”, explica a executiva da Caixa.
*Com informações de Valor Econômico