juros altos na construção civil
Imagem: ktasimarr/iStock

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou sua projeção de crescimento do setor para 2025, cortando-a de 2,3% para 1,3%. A entidade credita o resultado aos efeitos negativos da alta de juros, com a Selic atingindo 15%.

As taxas de juros elevadas foram o principal problema para 35% dos empresários ouvidos na Sondagem Indústria da Construção do 3º trimestre de 2025, feita em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria). A Selic saltou 4,5 pontos percentuais de setembro de 2024 a outubro de 2025.

Como reflexo dos juros altos, o crédito ficou mais caro. O financiamento de unidades habitacionais com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) para construção despencou 55,42% em unidades e 53,04% em valores entre janeiro e agosto de 2025, passando de R$ 28,392 bilhões para R$ 13,333 bilhões na comparação com 2024.

Ao mesmo tempo, a caderneta de poupança perde recursos pelo quinto ano consecutivo. De janeiro a setembro de 2025, a captação líquida foi negativa em R$ 60 bilhões.

PIB da construção mantém nível elevado apesar da desaceleração

Apesar da revisão para baixo, o nível de atividade da construção ainda está 23% acima do registrado no início da pandemia. O nível de atividade nos primeiros nove meses de 2025, medido pela Sondagem da CNI/CBIC, atingiu uma média de 47,2 pontos, representando o menor dinamismo desde 2020.

Representantes do setor acreditam que a construção deve ganhar fôlego no ano que vem. “Achamos que o PIB da construção em 2026 vai crescer mais do que neste ano”, afirmou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia.

“O menor ritmo de atividade na construção neste ano não significa fim de ciclo de crescimento, nem que há um baixo nível de atividade”, complementou a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, em uma apresentação para jornalistas.

Para ela, a alta de 1,3% projetada para 2025, se confirmada, ainda será um dado positivo considerando a base de comparação elevada. No ano passado, o PIB da construção teve alta de 4,3%.

Setor aposta em novo modelo de crédito para 2026

As expectativas positivas para 2026 também se apoiam no novo modelo de crédito habitacional com recursos do SBPE. Ele amplia o teto do financiamento pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação) de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. A medida deve liberar cerca de R$ 37 bilhões no próximo ano.

Outro ponto positivo, segundo o setor, é o programa Reforma Casa Brasil, lançado em outubro, com crédito para reformas residenciais. “Os R$ 40 bilhões vão ajudar a recompor a demanda por materiais no varejo”, afirmou o presidente da Cbic, Renato Correia, à Folha de S.Paulo.

Emprego resiste, mas ritmo de contratações cai

A contração do setor este ano também não foi suficiente para segurar a geração de empregos: a construção civil atingiu 3,05 milhões de empregos formais em agosto de 2025. O resultado é próximo ao pico histórico de 2013. Nos 12 meses até agosto, o saldo foi de 89 mil novos postos, o menor em cinco anos, aponta a CBIC.

O salário médio de admissão na construção civil (R$ 2.462,70) é 7,31% superior à média geral de todas as atividades no país. Segundo o setor, a alta é reflexo da disputa por profissionais mais qualificados em cenário de baixo desemprego.

*Com informações de Folha de S.Paulo e Estadão

Marcela Guimaraes
Marcela Guimarães

editora/redatora

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)

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