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Morar com pets: dicas para encontrar um imóvel pet friendly

Tudo o que você precisa saber para achar e adaptar um imóvel pet friendly: regras, infraestrutura, decoração, bairro e como preparar seus pets para a mudança.

Leitura: 9 Minutos
imóvel pet friendly
iStock

Dizer que os brasileiros gostam de animais de estimação é insuficiente: o país abriga a terceira maior população de pets do mundo, sendo o lar de mais de 150 milhões de animais domésticos das mais diferentes espécies.

Em um contexto de menor natalidade, o apego aos bichinhos dá sinais de ascensão. A Radar Pet de 2023 mostra que 29% dos donos de cães o consideram parte da família, e o mesmo vale para 25% dos donos de gatos.

Por isso, faz todo sentido que os donos se preocupem em encontrar um lar que não apenas aceite esse integrante da família, como também consiga suprir suas principais necessidades. Para entender melhor quais são as características desejáveis em um lar quando o assunto são os pets, confira os tópicos a seguir:

  • O que é, de fato, um imóvel pet friendly?
  • Como saber se o condomínio aceita pets?
  • Estrutura pet friendly: o que observar no imóvel e no condomínio
  • O bairro também importa: onde passear e cuidar do pet
  • Como adaptar e decorar um imóvel alugado para abrigar os pets?
  • Pet friendly custa mais caro?
  • Como preparar os pets para a mudança?
  • Perguntas frequentes

O que é, de fato, um imóvel pet friendly?

O termo pet friendly se refere a locais preparados para garantir o conforto, a segurança e o bem-estar tanto do animal quanto do tutor e dos demais moradores, no caso de condomínios. Isso envolve não só a permissão, mas também infraestrutura adequada e normas de convivência claras em espaços compartilhados.

Como saber se o condomínio aceita pets?

Em 2019, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que condomínios não podem proibir a presença de animais de estimação, a menos que o animal em questão represente uma ameaça à segurança, à saúde ou ao sossego dos demais moradores.

Porém, como estabelecido nos artigos 1.333 e 1.334 do Código Civil, a convenção de condomínio tem competência para regular o regimento interno, que estabelece as regras de convivência entre os moradores.

Isso significa que um condomínio não pode simplesmente proibir a permanência ou criação de animais que não apresentem riscos aos demais moradores, mas pode estabelecer algumas regras, como:

  • Exigência de vacinação;
  • Exigência de uso de coleira ou focinheira (dependendo da raça) em áreas comuns;
  • Regras sobre o uso de elevadores e circulação nas escadas;
  • Possibilidade de multa por barulho ou sujeira;

Mas, caso esteja pensando em alugar um imóvel, atenção: embora o condomínio não possa proibir a presença do animal de estimação, é possível que o proprietário não aceite a presença do pet. Nesse caso, essa proibição precisa estar descrita no contrato de aluguel — embora esse tipo de cláusula seja contestada judicialmente.

Estrutura pet friendly: o que observar no imóvel e no condomínio

Em geral, condomínios mais preparados para promover o bem-estar dos animais de estimação contam com:

  • Pet play: Trata-se de uma área externa na qual os pets podem brincar em segurança dentro do condomínio;
  • Pet care: Alguns condomínios também contam com uma área dedicada exclusivamente à higiene do bichinho. Esses espaços geralmente incluem tanques, duchas para banho, secadores e bancadas;
imóvel pet friendly

Já nos imóveis em si é importante observar se há:

  • Telas de proteção nas janelas, essencial para os donos de gatos.
  • Pisos laváveis e antiderrapantes: Para além do quesito segurança e limpeza, Carla Tortelli, arquiteta do Arquideias, recomenda evitar pisos que ecoem muito o barulho dos pets para o andar de baixo, como forma de evitar desconfortos. “Piso laminado, piso de madeira natural, são pisos muito ruins nessa questão de acústica para o andar de baixo. Então, eu, com certeza, se eu tivesse pet, evitaria. Um piso vinílico seria uma boa alternativa, é muito fácil de limpar e tem uma boa acústica. E um porcelanato também”, aconselha.
  • Boa ventilação e espaço livre para circulação: A ventilação é um ponto importante para garantir o conforto térmico do seu animal de estimação. O espaço livre é necessário não apenas para que ele possa se movimentar comodamente, mas também para que você possa acomodar os itens de alimentação e higiene do seu pet.
  • Varandas: “O que mais está na busca das pessoas que têm pet é uma varanda, nem que seja uma varanda pequena”, conta a arquiteta Carla Tortelli. Isso porque a presença de uma área externa no apartamento oferece a possibilidade do animal ficar ao ar livre dentro da comodidade do lar, e também auxilia o tutor na rotina de higiene do pet.

O bairro também importa: onde passear e cuidar do pet

“Assim como para nós, sons externos também podem trazer poluição sonora e consequentemente estresse [para os animais]”, explica a médica veterinária Beliza Mouana.

Por isso, o ideal é escolher ruas e bairros mais residenciais. Se não for possível, tente minimizar o impacto do barulho no dia a dia do seu animal de estimação. “Nesse caso, vale a pena escolher locais mais calmos e silenciosos para deixar caminhas e toquinhas de abrigo. Se o seu animal fica assustado com alguns sons como motos, carros, pessoas falando e fogos, vale a pena fechar janelas ou até inserir musicoterapia para induzir a redução desse estímulo aversivo”, aconselha Mouana.

Além da questão sonora, ao escolher o bairro, leve também em conta:

  • A proximidade de praças e áreas verdes, para realizar caminhadas com os bichinhos;
  • A qualidade das calçadas para caminhar;
  • A proximidade de clínicas veterinárias e pet shops;

Como adaptar e decorar um imóvel alugado para abrigar os pets?

O primeiro ponto que precisa de atenção são os tecidos escolhidos. “Alguns tecidos são completamente proibidos, [como aqueles] com a trama fácil de o animal engatar a unha”, diz a arquiteta Carla Tortelli. “E, para todos os estofados, a gente consegue fazer alguma capa com um material que seja resistente, para não danificar”.

Outra questão crucial, segundo a arquiteta, é não escolher cores de piso e móveis que sejam muito diferentes do tom da pelagem do seu animal de estimação. “Sabemos que qualquer bichinho solta pelo, né? Então, a gente [no Arquideias] se preocupa bastante com o tom da pelagem para que os materiais que a gente vai usar no projeto não tragam um contraste muito grande. Se a gente optar por algum material com um contraste maior, estaremos abrindo mão da praticidade”.

Fora isso, também é válido levar em conta o porte e a idade do seu animal ao pensar na decoração. Dependendo do perfil do seu pet, ele pode precisar de estímulos visuais mais intensos — como cores mais vivas e mais itens decorativos — ou mais amenos.

“Cães de maior porte apresentam maior demanda de cuidados de estímulo físico e mental, [o que pode ser feito com] treinamentos e exercícios, ou também escolhendo locais que tenham boas áreas pet-friendly”, aconselha a médica veterinária Beliza Mouana.

“Já os idosos precisam de um espaço mais seguro fisicamente, trazendo previsibilidade nos ambientes básicos para alimentação, higiene e descanso, com menos estímulos visuais e sonoros. Os gatos também gostam de previsibilidade, mas passam algumas horas dormindo. Esse sono precisa ocorrer em um espaço tranquilo, mas que o permita ver a movimentação externa, como áreas próximas de janelas ou na varanda”.

Pet friendly custa mais caro?

Alguns imóveis com infraestrutura para pets podem ter condomínios mais altos, por causa da manutenção das estruturas das áreas comuns (como o pet play e o pet care). Por outro lado, imóveis pet friendly costumam ter maior procura e valorização, principalmente em cidades maiores.

Como preparar os pets para a mudança?

Além da mudança em si, é importante que os donos de pets separem um tempo para garantir a adaptação do bichinho ao novo lar.

“O ideal é antes da mudança levar o animal para já ser apresentado aos novos estímulos físicos e olfativos, permitindo que ele possa entender como será a nova morada”, recomenda a médica veterinária Beliza Mouana.

“Nos dias iniciais da mudança é válido uso de feromonioterapia, que utiliza feromônios sintéticos e que trazem maior relaxamento e bem-estar, promovendo maior relaxamento no novo ambiente. Esse processo pode durar até 2 meses, considerando essas etapas”.

Também é recomendado manter por perto objetos familiares para os animais, como cobertores e brinquedos.

Perguntas frequentes

O condomínio pode proibir pets?

Segundo o STJ, não. Um condomínio não pode proibir animais se eles não colocarem em risco a saúde, segurança ou sossego dos demais moradores.

O proprietário de imóvel alugado pode proibir a presença do animal de estimação?

Embora essa proibição possa ser contestada judicialmente, é possível que ela ocorra, mas ela precisa constar no contrato de aluguel.

Posso instalar telas de proteção em imóvel alugado?

Sim, mas isso deve ser devidamente comunicado e autorizado pelo proprietário. Também deve ser acordado quem arcará com os custos da instalação.

Jornalista Luiza Queiroz
Luiza Queiroz

Luiza Queiroz é jornalista formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com especialização em jornalismo de dados pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Acumula experiência em grandes veículos da imprensa nacional, como Veja, O Estado de S. Paulo e Casa Vogue, onde desenvolveu reportagens e conteúdos digitais sobre mercado imobiliário, arquitetura e decoração. Desde 2021, atua na equipe de checagem de fatos da Agence France-Presse (AFP), em São Paulo. Colabora com o Portas como jornalista autônoma, contribuindo com reportagens e análises sobre o setor imobiliário.

Luiza Queiroz é jornalista formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com especialização em jornalismo de dados pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Acumula experiência em grandes veículos da imprensa nacional, como Veja, O Estado de S. Paulo e Casa Vogue, onde desenvolveu reportagens e conteúdos digitais sobre mercado imobiliário, arquitetura e decoração. Desde 2021, atua na equipe de checagem de fatos da Agence France-Presse (AFP), em São Paulo. Colabora com o Portas como jornalista autônoma, contribuindo com reportagens e análises sobre o setor imobiliário.