
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, afirma que Selic a 15% inibe novos investimentos e defende taxa máxima de 10% ao ano para ampliar crédito imobiliário.
Em entrevista à revista Exame, Correia defende que o novo modelo de financiamento imobiliário que moderniza o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) precisará de uma política de redução de juros para atingir o objetivo principal que é aumentar a oferta de crédito para a classe média.
Segundo o representantes da indústria da construção, o processo produtivo do setor é longo e que as obras que geram empregos hoje são “resultado de vendas passadas”. Somado a isso, “o cenário atual de juros altos está inibindo novos investimentos”.
Correia lembra que o mercado imobiliário brasileiro se estruturou em cima de algumas fontes de financiamento, entre elas o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e as cadernetas de poupança. E enquanto o programa Minha Casa, Minha Vida mantém taxas de até 8% ao ano, com a Selic a 15%, os financiamentos via poupança enfrentam maior escassez.
Como a caderneta de poupança é uma das bases do financiamento imobiliário, e o montante destinado ao financiamento direto às construtoras entre 2024 e 2025 foi reduzido à metade, as empresas, segundo Correia, são obrigadas a recorrer ao “dinheiro de mercado”, elevando custos para taxas de 15%, 16% ou 17%.
“Por isso há cada vez menos lançamentos para a classe média, porque nem todo projeto vai suportar uma taxa tão alta para a construção”, afirma Correia.
Foi exatamente para contornar este problema que o governo criou novo modelo que libera recursos do depósito compulsório para financiamentos habitacionais. Ou seja, cada financiamento imobiliário que um banco fizer, ele pode pegar o mesmo valor da caderneta de poupança para investir como quiser. Assim, ganha dinheiro com a poupança, enquanto consegue dar um desconto maior na taxa de quem está financiando um imóvel.
No entanto, apesar de a nova regra beneficiar “especialmente famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil por mês, um segmento hoje pouco atendido pelas modalidades existentes”, é essencial que a Selic deixe o patamar atual, pontua Correia.
“Para que isso funcione maravilhosamente bem, os juros têm que baixar. Tinha que ser, no máximo, de 10% ao ano”, afirma Correia. Portanto, para o executivo, o sucesso do novo modelo dependerá da redução da taxa básica de juros e da aceitação dos bancos em limitar juros a 12% ao ano.
*Com informações de Exame

