
Construtoras e incorporadoras registraram aumento de 102% nas compras de materiais de acabamento entre janeiro de 2023 e julho de 2025, segundo o Panorama de Consumo de Materiais de Construção elaborado pelo Ecossistema Sienge em parceria com a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção).
Esse tipo de material, como pisos cerâmicos e tintas, já representa 29% do total das compras no período, percentual acima da média histórica de 23% a 26%.
Apesar dos chamados “materiais de base” dominarem as compras (representando entre 71% e 77% do valor gasto), a aceleração no consumo de acabamentos sugere uma maior dinâmica nas etapas finais das obras, ou seja, um ritmo acelerado no setor, com foco em prazos mais curtos e uma coordenação mais precisa entre as etapas de construção.
Entre janeiro de 2023 e julho de 2025, a compra de materiais de base, como cimento, tijolos e argamassa, cresceram 68%.
“Os dados não evidenciam, diretamente, uma redução no tempo total das obras, mas apontam um setor em transformação. A construção vem amadurecendo e incorporando cada vez mais tecnologia — desde ferramentas de gestão e planejamento até métodos construtivos industrializados”, afirma Gabriela Torres, gerente de inteligência estratégica do Ecossistema Sienge.
Segundo Torres, essa modernização traz mais integração entre as etapas, reduz desperdícios e torna os processos mais previsíveis.
“Com a reforma tributária e outras mudanças estruturais em andamento, a tendência é que essa digitalização se acelere ainda mais, impulsionando ganhos de produtividade e fortalecendo a sustentabilidade das empresas no longo prazo”, explica.
Case mostra evolução do setor
Uma obra de alto padrão iniciada em 2022 exemplifica a mudança. No início, 97% dos gastos foram direcionados para materiais básicos. A partir do final de 2023, os materiais de acabamento passaram a representar mais de 50% das aquisições.
A mudança nas práticas do canteiro de obras, que hoje se aproxima de uma linha de montagem, deve permitir uma redução de retrabalho e encurtamento de prazos, aponta a Abramat .
Para Paulo Engler, presidente da Abramat, em 2026 os produtos de acabamento superarão 30% de participação nas compras totais. “A disputa não será mais apenas por preço, mas por performance e velocidade”, destaca.
Segundo o especialista, o uso de ferramentas analíticas tornou-se essencial para planejamento estratégico de compras, permitindo que empresas ajustem estoques e cronogramas de forma mais eficaz.
*Com informações de Exame

