habitação popular em SP
Imagem: Tarcisio Schnaider/IStock

Apenas 15% das 514 mil habitações populares aprovadas na cidade de São Paulo entre 2019 e 2025 destinam-se à menor faixa de renda, segundo dados do Geosampa, portal de informações geográficas da prefeitura da capital, analisados pelo DeltaFolha, do jornal Folha de S.Paulo. O déficit habitacional municipal atingiu 392 mil domicílios em 2023.

Das três categorias que recebem isenção da outorga onerosa municipal, as HIS 1 (Habitações de Interesse Social 1) representaram apenas 14,9%, com 76,7 mil unidades. Essa modalidade atende famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 4.554).

As rendas mais altas têm mais espaço em São Paulo: as HIS 2 (até seis salários mínimos, ou R$ 9.108) somaram 352,6 mil unidades (68,6%), e as HMP (Habitação de Mercado Popular), para até dez salários mínimos (R$ 15.180), totalizaram 84,6 mil (16,5%).

Déficit concentrado na baixa renda

De acordo com o estudo feito pelo pesquisador da Fundação João Pinheiro, Frederico Poley, aproximadamente 85% do déficit habitacional é composto por famílias com renda de até dois salários mínimos. O ônus excessivo com aluguel é o principal responsável pelo cenário.

A gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma contrabalancear a situação com produção municipal própria. Das 13 mil unidades municipais entregues de 2021 a 2025, 90% destinaram-se a famílias de até três salários mínimos.

Esta concentração de subsídios na incorporação imobiliária é criticada por alguns estudiosos, como a especialista em legislação urbana Bianca Tavolari. Ela coordenou um estudo que aponta que o município já deixou de arrecadar mais de R$ 1 bilhão para incentivar habitações sociais e populares. “Estamos transferindo dinheiro público duas vezes para aquilo que não é o principal do déficit”, afirma.

Capital lidera captação de recursos federais

São Paulo ampliou sua dianteira na captação de recursos do Minha Casa Minha Vida. Em 2024, a capital atingiu 59 mil unidades financiadas, contra 13,5 mil do restante da região metropolitana, segundo a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras).

A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) argumenta que consegue contrabalancear a preferência do mercado pelos HIS 2 e HMP com a construção com recursos próprios de moradia para a baixa renda.

Segundo a prefeitura, 90% das 13 mil unidades da produção municipal de 2021 a 2025 foram destinadas justamente a famílias com renda de até três salários mínimos. E na meta de entrega de 42 mil unidades próprias, haveria 90% do volume destinado à menor faixa de renda.

Em defesa do mercado, o diretor da Abrainc, Vladimir Iszlaji, diz que a evolução das concessões de financiamentos realizados pela Caixa são provas de que essa produção começou a alcançar a baixa renda. Ele defende ainda que a política do Plano Diretor atraiu empreendedores e fez São Paulo ampliar sua dianteira na disputa por recursos federais para construção de moradia.

*Com informações de Folha de S.Paulo

Marcela Guimaraes
Marcela Guimarães

editora/redatora

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)

Jornalista colaboradora responsável pelo resumo do noticiário do dia. Tem 28 anos de experiência com atuação como repórter/editora (Estadão Broadcast, revistas piauí e GQ, rádio CBN e Portal Loft), além de atuar como editora-executiva/editora-chefe no SBT News e Curto News. Também foi apresentadora de TV (RIT), além de atuar como podcaster (Veja, Wired, Estadão Blue Studio)