
O interior de São Paulo tem se transformado no principal motor de crescimento do mercado imobiliário brasileiro. O setor registrou alta de 26% nas vendas de imóveis novos no primeiro semestre de 2025, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC).
O crescimento ocorre em meio a um êxodo da capital paulista sem precedentes. Pela primeira vez na história, o estado de São Paulo registrou saldo migratório negativo entre 2017 e 2022: apesar de receber 736 mil imigrantes, perdeu 826 mil emigrantes no período, aponta o IBGE.
A capital paulista, que cresceu mais de 2 milhões de habitantes entre 1960 e 1970, viu sua taxa de crescimento despencar de 5% ao ano para apenas 0,2% em 2022. A população atual é de 11,45 milhões de habitantes.
A migração, porém, não é generalizada no estado. Entre os 15 maiores municípios paulistas (com mais de 400 mil habitantes), oito apresentaram saldo migratório positivo, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). São eles: Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Sorocaba, Jundiaí, São José do Rio Preto, Piracicaba e São Carlos ganharam moradores.
Cidades do interior lideram vendas imobiliárias
A Abrainc analisou o desempenho em 14 cidades paulistas: Bauru, Campinas, Franca, Jundiaí, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba e Sumaré.
Neste estudo, São José do Rio Preto se destacou com crescimento de 42% nas unidades vendidas.
“O interior de São Paulo vive um ciclo muito consistente de expansão imobiliária. Esse movimento reflete tanto a busca por melhor qualidade de vida quanto uma demanda estrutural muito forte”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc, ao InfoMoney.
O executivo destaca que quase metade dos brasileiros quer comprar imóvel, já que o aluguel subiu 63% em cinco anos e o déficit habitacional permanece elevado.
Projetos de alto padrão atraem investimentos bilionários
Um exemplo do investimento em cidades do interior é a Newe Urbanismo Integrativo. A empresa lançou em São José do Rio Preto o Distrito Newe, com 179 lotes de alto padrão e investimento médio de R$ 1,5 milhão por unidade.
O projeto alcançou 70% das vendas em apenas 60 dias. O Valor Geral de Vendas (VGV) do empreendimento é de aproximadamente R$ 1 bilhão.
“Nos antecipamos a esse movimento migratório e, por isso, estamos tendo esse relativo sucesso em tão pouco tempo”, explica Dilson Athia, diretor-presidente da Newe.
Somando projetos em Rio Preto e Presidente Prudente, o VGV total da companhia atinge R$ 1,5 bilhão. A empresa estima faturamento de R$ 500 milhões em 2026.
“O movimento dialoga diretamente com a transformação do comportamento do consumidor que busca novos modelos de morar, orientados por bem-estar, contato com o verde, experiências urbanas qualificadas e estética”, completa Caetano Viana, Head de Projeto, Produto e Aprovação da Newe Urbanismo.
Custo de moradia impulsiona migração
O contraste de preços entre capital e interior justifica a migração. Segundo o Índice FipeZap, o aluguel em São Paulo custa R$ 62,25 por metro quadrado, enquanto em São José do Rio Preto é de R$ 29 – redução de 50%.
O preço de venda também apresenta diferença significativa: R$ 11.882 por metro quadrado na capital contra R$ 5.794 no interior.
Em Campinas, cidade mais próxima à capital, o aluguel está na média de R$ 50,01/m² e o preço de venda, em R$ 7.506/m².
*Com informações de InfoMoney

