
O novo modelo de crédito imobiliário anunciado pelo governo Lula na semana passada pode impulsionar lançamentos de empreendimentos, na avaliação do mercado.
A medida eleva o limite máximo para financiar imóveis no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, com taxa de juros limitada a 12% ao ano.
Segundo Renato Correia, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), cerca de R$ 37 bilhões chegarão ao mercado já no próximo ano. “Se calcularmos os 5% que deixam de entrar no depósito compulsório no Banco Central, são cerca de R$ 37 bilhões que já serão jogados no mercado. A vantagem é a disponibilidade desse financiamento, e cada banco vai definir como usar”, explica.
“Mas para quem compra, o aumento do limite do financiamento para R$ 2,25 milhões e ter uma taxa de juro abaixo da média de mercado hoje, vai facilitar. Há tendência de vermos mais projetos (no mercado imobiliário)”, conclui.
O executivo explica que a classe média, pressionada pelo teto anterior de R$ 1,5 milhão fixado em 2018, será a maior beneficiada. “Quem ganha até R$ 12 mil está contemplado pelo Minha Casa, Minha Vida, em apartamentos até R$ 500 mil. Mas quem ganha acima disso tem dificuldade de comprar”, afirmou Correia.
Adesão dos bancos
A Caixa Econômica Federal, maior agente financiador do setor, já anunciou que voltará a financiar 80% dos imóveis residenciais. Ana Maria Castelo, da Fundação Getulio Vargas/IBRE, destaca a expansão na oferta de crédito, mas alerta sobre a adesão dos demais bancos.
“Agora é ver se, na melhor das hipóteses, os demais bancos vão aderir. Eles não parecem satisfeitos com a limitação dos juros em 12% ao ano num momento de crédito muito caro”, explica. Ela ressalta que foram criados estímulos para financiar imóveis abaixo de R$ 1 milhão, evitando direcionar recursos apenas para faixas de renda mais altas.
A XP projeta que o novo modelo, somado à ampliação do Minha Casa, Minha Vida, pode adicionar 0,1 ponto percentual no crescimento do PIB em 2026.
No mesmo sentido, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) vê a medida como um “avanço importante” para ampliar o acesso da classe média aos imóveis.
*Com informações de O Globo