A atividade de corretor de imóveis é regulamentada no Brasil desde 1962. Diz a história que os primeiros profissionais se fizeram necessários por aqui para acomodar a aristocracia que chegou junto com a Família Real portuguesa, em 1808. De lá para cá, muita coisa mudou – especialmente com a digitalização dos anúncios -, mas a busca pela profissão segue em alta.
O Portas conversou com corretores para entender qual é o papel desse profissional hoje e quais são as dicas mais valiosas para quem quer construir uma carreira sólida. Em comum, todos destacam que as ferramentas digitais são indispensáveis, mas que a personalização e o atendimento próximo continuam sendo diferenciais.
Qualificação e aprendizado na prática
Para Bruno Becher, 35 anos, gerente de vendas da Duda Imóveis, em Florianópolis, o primeiro passo é claro: fazer o curso e obter o CRECI.
“Em grandes centros urbanos, como Florianópolis, a demanda por corretor de imóveis é sempre alta. Fui atrás do curso e, ainda estudando, já recebi a indicação para começar o estágio”, conta.
Ele ressalta, porém, que a formação teórica é apenas o início. “Você não vira corretor só fazendo o curso. Cada transação é diferente, e é no dia a dia que se aprende.”
Tecnologia como aliada do sucesso
Esse aprendizado prático hoje passa pelo domínio de ferramentas digitais. “É impensável colocar um novo corretor no atendimento sem que ele conheça o CRM da empresa. Já ouvi de colegas que o primeiro dia foi péssimo porque não sabiam mexer no sistema”, relata Becher.
Na Duda Imóveis, a presença de estagiários é relevante nas equipes, e um dos objetivos é ensinar o método de trabalho desde o início da carreira. “Vamos por etapas, ensinando uma coisa de cada vez. Não adianta trazer um imóvel se o corretor não souber administrá-lo no sistema”, afirma.
Corretor de imóveis: uma profissão sem rotina fixa
Em Joinville, Santa Catarina, Caroline Fideles, 28 anos, atua como corretora desde os 20 e se formou em Gestão Comercial. Começou como recepcionista e migrou para a locação na Anagê Imóveis.
“Um dia é atendimento online, no outro estamos em visitas. Conhecemos histórias diferentes e conseguimos estar presentes na vida das pessoas.”
Ela compara a profissão a uma safra: no início do mês, atendimentos online; depois, visitas; em seguida, documentação; e, por fim, o fechamento dos negócios.
Perfil e confiança: chaves para fechar negócio
Para Pauline Muradás Bilhan, 33 anos, corretora de imóveis há 14 anos e que trabalha na Crédito Real, em Santa Cruz do Sul (RS), é preciso ter afinidade com vendas. “A pessoa precisa ter alma de vendas e gostar disso. Se não se adaptar, vai ser difícil”, destaca.
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Caroline, de Joinville, reforça a importância de transmitir confiança. “O cliente abre informações pessoais, como a renda. Se ele confiar e perceber credibilidade, 90% do negócio está fechado.”
Mais do que anúncios online
Segundo Caroline, a tecnologia serve como uma “bandeja de opções” para o cliente, mas não substitui o que o corretor de imóveis pode oferecer: referências sobre o bairro, detalhes sobre o imóvel e como é a rotina da região.
Becher concorda e nota até um movimento de volta ao contato humano: “Mesmo com redes sociais, muitos proprietários ainda querem conhecer pessoalmente o corretor que vai representar o imóvel.”
Ele lembra que a profissão também exige lidar com contextos delicados: “A maioria das vendas vem junto com algum problema, como divórcio, falecimento ou mudança de cidade. Vejo nos últimos anos uma tentativa de trazer o lado lúdico da profissão e falar que realizamos sonhos das pessoas. Nem sempre é assim”, afirma.
Dicas para corretores de imóveis terem sucesso
Com base nas entrevistas com os corretores, reunimos recomendações essenciais para quem quer se destacar:
- Invista no curso e obtenha o CRECI
- Domine ferramentas de CRM e sistemas da imobiliária
- Conheça profundamente o imóvel, o bairro e o mercado local
- Esteja presente no digital, mas valorize o atendimento presencial
- Construa confiança e credibilidade com o cliente
- Saiba lidar com diferentes contextos e perfis de compradores e vendedores
É jornalista com mais de 15 de anos de experiência em grandes veículos, como o Estado de S.Paulo e Valor Econômico. Acredita que morar bem pode estar a um clique de distância. Colabora com o Portas como jornalista autônomo, contribuindo com reportagens e análises sobre o setor imobiliário.
