apartamentos compactos Rio de Janeiro
Imagem: PIKSEL/iStock

Reportagens desta semana mostram que o mercado imobiliário do Rio de Janeiro atravessa uma fase de recuperação marcada por um protagonista improvável: os apartamentos compactos. Dados da Brain Inteligência Estratégica, em parceria com o Sinduscon-Rio, mostram que, entre janeiro e agosto de 2025, 88% das unidades lançadas nesse formato já foram vendidas, restando apenas 12% disponíveis.

Embora representem 16,4% dos empreendimentos lançados, os compactos respondem por apenas 9,1% da oferta final, o que indica velocidade de venda e forte demanda. O movimento se intensificou após a modernização do Código de Obras de 2018, que flexibilizou as metragens mínimas, e ganhou novo fôlego com a retomada do turismo: só no primeiro semestre deste ano, o Rio recebeu 6,8 milhões de visitantes, sendo 1 milhão de estrangeiros, segundo a Embratur.

Empreendimentos como o Copa, da Piimo Empreendimentos, em Copacabana, ilustram o cenário. Das 55 unidades lançadas, 90% foram comercializadas na primeira semana. Segundo especialistas, o apelo combina localização, conveniência e um estilo de vida urbano e flexível — seja para moradia, seja para investimento em locação de curta temporada.

Importante observar que o mercado está aquecido, mas não para todo mundo. Há uma concentração clara em nichos de alta liquidez, como os compactos e os produtos voltados para investimento. Corretores e imobiliárias precisam olhar para os dados e reposicionar sua estratégia. Quem tenta vender tudo para todos, hoje, perde espaço.

Público 50+ impulsiona nova fase de digitalização

Além dos compactos, outro vetor de crescimento é o público com mais de 50 anos, que vem redefinindo sua relação com o digital. Pesquisa da Loft, em parceria com a Offerwise, indica que 80% das pessoas com 55 anos ou mais já iniciam a busca por imóveis online, acima da média geral de 64%. No entanto, apenas 15% se sentem confortáveis em concluir toda a transação pela internet.

Ou seja, o consumidor 50+ está digitalizado, mas não totalmente digital. Ele valoriza praticidade e informação, mas continua querendo confiança e contato humano. Outro dado reforça essa percepção: 55% dos entrevistados acima de 55 anos preferem negociações totalmente presenciais, enquanto 30% optam por uma jornada híbrida.

Aqui o desafio das imobiliárias é combinar o melhor dos dois mundos: tecnologia e relacionamento. O cliente está mais exigente. Ele navega, pesquisa, compara — mas, no fim, quer falar com alguém que entenda de verdade o que ele procura.

Digitalização exige corretores mais preparados

No setor, cresce o consenso de que a digitalização não substitui o corretor, mas exige que ele evolua. Assinaturas eletrônicas, agendamentos automatizados, visitas virtuais e uso de inteligência artificial já são práticas básicas. O diferencial, agora, está na capacidade de interpretar dados, oferecer diagnósticos personalizados e construir confiança.

A experiência física, nesse contexto, também ganha novo valor. Lojas bem cuidadas, que funcionam como espaços de encontro e orientação, reforçam a imagem da marca. Não é uma questão de volume de lojas, mas de qualidade. A visita ao espaço físico precisa ser uma experiência positiva e acolhedora.