O mercado financeiro começa a fazer cálculos diante da expectativa de corte da taxa Selic a partir de 2026. No geral, a política de afrouxamento monetário beneficia investimentos em renda variável, já que diminui a atratividade da renda fixa, direcionando o fluxo para os ativos de maior risco. Essa lógica também vem se confirmando no setor da construção civil.
Um estudo feito pela analista Bruna Sene, da Rico, a pedido do InfoMoney, analisou o comportamento do setor em cinco períodos de afrouxamento monetário (2005, 2009, 2011, 2016 e 2023), revelando um padrão de alta nas ações após cortes de juros.
Segundo o estudo, em 12 meses pós-corte, o setor disparou 161,7% em 2005 e impressionantes 246,4% em 2009. Os ciclos de 2011 e 2016 registraram altas mais moderadas de 27,8% e 22,5%, respectivamente. Apenas 2023 apresentou resultado negativo, com queda de 21,52%.
“A possível queda de juros em 2026 pode beneficiar o setor, pois pode reduzir o custo de financiamento e estimular a procura por imóveis”, afirma Tales Barros, da W1 Capital.
Apesar dos juros elevados, as construtoras têm conseguido navegar com subsídio governamental. O Plano Empresário, por exemplo, linha de crédito exclusiva ao setor, financia 85% do custo de obra com taxa de 11% a 12%, bem abaixo da Selic atual.
Já o analista Malek Zein, da Eleven Financial, vê um movimento diferente. Para ele, o impacto dos juros sobre os fundamentos das construtoras é menor do que o mercado costuma precificar, exatamente porque já vem recebendo apoio do governo em programas habitacionais.
“Com os juros caindo, não acho que vá acelerar ainda mais. O mercado de São Paulo já está muito aquecido – é onde temos mais dados, e mesmo excluindo o Minha Casa, Minha Vida, segue bastante aquecido. E quando olhamos para o valuation das construtoras, não dá para dizer que estão caras, mas muitas já negociam próximas do seu ‘all time high’”, avalia.
Entre as recomendações de papéis de construtoras estão EzTec (EZTC3), Cyrela (CYRE3), Moura Dubeux (MDNE3) e Tenda (TEND3), empresas com boa execução e geração de caixa.
*Com informações de InfoMoney