Imagem: Jacob Wackerhausen / iStock
Imagem: Jacob Wackerhausen / iStock

Qual é a idade ideal para entrar no mercado imobiliário? Será que quem começa aos 20 tem mais fôlego do que quem migra aos 55, ou a experiência prévia vale mais? Essa dúvida ronda quem pretende ingressar ou já atua no setor.

Do que observo em quase 2 décadas atuando neste mercado, a idade muda o caminho, mas não o destino. O setor é plural e absorve bem tanto a energia de quem está chegando quanto a maturidade de quem já tem quilometragem. Os dados abaixo ajudam a desmontar estereótipos e dão substância à discussão.

O retrato do setor

O ecossistema está em expansão e mais qualificado. O sistema COFECI/Creci estima cerca de 730 mil corretores no país, e recortes recentes mostram uma presença feminina robusta, média etária mais alta e atuação autônoma como regra.

Alta Escolaridade: 62% dos profissionais têm ensino superior — um salto em relação a 25 anos atrás (COFECI).

Perfil Dominante: Pesquisa do DataZAP descreve um perfil recorrente: mulheres, em torno de 52 anos, graduadas e majoritariamente autônomas.

A Força 60+: Profissionais com mais de 60 anos já representam cerca de 20% dos corretores (Grupo OLX/PNAD), refletindo o envelhecimento populacional (Censo 2022).

Renda Sênior: No empreendedorismo geral, sêniores (60+) tendem a ter renda superior à de jovens donos de negócio — acima de 40%, segundo a Agência Sebrae. Isso ajuda a explicar por que encontram estabilidade em nichos como consultoria e gestão de carteiras no imobiliário.

A superpotência de cada geração

O que cada faixa etária costuma trazer de vantagem e quais os antídotos para seus riscos mais comuns? Abaixo apenas alguns insights sobre a média dos perfis que encontrei Brasil afora nos últimos 20 anos:

Quem começa jovem (18–30)

Fôlego, repertório digital e liberdade para testar. Aprende rápido e, com método, constrói marca cedo.

Risco: Confundir movimento com progresso.

Antídoto: Agenda de prospecção diária, estudo semanal e mentoria.

Quem chega no “meio do jogo” (31–45)

Rede ativa, leitura de contexto e disciplina de execução. Converte melhor porque transmite segurança.

Risco: Refém da urgência.

Antídoto: CRM vivo, funil simples (origem → objeção → próximo passo → data) e rituais semanais de pipeline.

Quem recomeça maduro (46–60)

Conversa de dono, aversão ao improviso e visão patrimonial. Ideal para avaliação, locação corporativa, gestão de carteiras e negociações longas.

Risco: Resistência ao digital.

Antídoto: Kit mínimo (conteúdo útil, gestão de leads, relatórios claros) e dupla complementar.

Quem vira a chave 60+

Capital social, paciência e jogo de cintura. Muitas vezes consegue sustentar o ramp-up sem depender de renda imediata — valioso numa profissão de ciclos.

Risco: “Já vi de tudo”.

Antídoto: Humildade ativa, atualização contínua e parceria com perfis velozes.

A “maratona” que derruba os jovens

Por que alguns desistem cedo? Geralmente é o descompasso entre a expectativa e o ciclo real de venda, somado à falta de “amparo” financeiro no início. Quem entra achando que é um sprint, se frustra; quem entende que é maratona ajusta o ritmo e atravessa. Método compensa juventude.

Por que tantos “pré-aposentados” prosperam

Chegam menos pressionados por caixa de curtíssimo prazo, com rede sedimentada e negociação amadurecida. Isso dá tranquilidade para escolher nichos, precificar o serviço e recusar o negócio errado — exatamente o que melhora a margem e a recorrência.

As 5 regras de ouro (o que funciona em qualquer idade)

Captação é rainha. Sem produto, não há jogo.

Confiança compõe juros. Prometa pouco, entregue muito, responda rápido.

Processo vence impulso. Funil simples supera improviso brilhante.

Aprendizado contínuo. Legislação, crédito, comportamento e cidade mudam.

Complementaridade acelera. Duplas com perfis distintos entregam mais do que talentos solitários.

A lição final: o que o cliente realmente compra

Em mercados baseados em confiança, relacionamento é moeda. Quem já traz uma carreira construída — mesmo em outras áreas — tende a acelerar resultados porque chega com rede, conexões e credibilidade. O imobiliário costuma recompensar senioridade bem usada.

Mas fiquem tranquilos, jovens: networking e reputação se constroem. Há um caminho longo e fértil pela frente — dá para aprender com quem já percorreu a estrada, somar método, entregar valor com consistência e acumular experiência.

Porque no fim, o cliente não compra a sua idade; compra a sua previsibilidade.

Método compensa juventude. Experiência reduz desperdício.

No mercado imobiliário, a idade muda o caminho, mas não o destino. A hora certa para começar é a hora em que você decidir começar.

Fontes consultadas: COFECI/Creci (número de corretores e escolaridade), DataZAP/Grupo OLX (perfil etário e feminino), IBGE/Censo 2022 (envelhecimento populacional), ASN Sebrae/GEM (renda do empreendedor sênior).