
Esqueça as ideias antigas sobre a profissão de corretor de imóveis, que estavam ligadas a uma figura insistente e com discurso pronto para vender. No Brasil de hoje, esse profissional está mais para um consultor de lifestyle, com as mudanças provocadas por uma nova geração que utiliza as redes sociais para sofisticar o atendimento e melhorar a imagem da carreira.
Os “corretores influenciadores”, como a paulistana Tamara Stief no Instagram e Guilherme Pilger no YouTube, com vídeos de imóveis em Balneário Camboriú, exemplificam bem as transformações da carreira. O ofício também atraiu profissionais de outras áreas, como o personal stylist Yan Acioli e o ator Marcello Antony.
“Não dá para ser só exibicionismo. O cliente chega cheio de dúvidas, e nosso papel é mostrar se a Vila Nova Conceição é melhor que o Itaim, e se o bairro se encaixa no estilo de vida dele”, disse Lucas Melo, fundador da imobiliária MBras ao portal Metro Quadrado.
Expansão do mercado e números do setor
O mercado brasileiro conta hoje com cerca de 650 mil profissionais ativos em 2025, um crescimento de 60% em cinco anos, segundo o Cofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis). Isso coloca o país como segundo do mundo em número de corretores, atrás apenas dos Estados Unidos.
Em 2024, foram vendidos 400,5 mil imóveis no Brasil, segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), mais de três vezes o nível de 2019, que foi de 130,5 mil unidades.
A profissão de corretor de imóveis foi regulamentada no Brasil em 27 de agosto de 1962, data que se tornou o Dia Nacional do Corretor de Imóveis. Passadas muitas décadas, o perfil dos profissionais também mudou: a média de idade caiu de 60 anos nos anos 1970 para 38 anos atualmente, segundo dados do Cofeci.
Startups focadas em vender e alugar, que inicialmente pareciam ameaçar a profissão, acabaram incorporando corretores como parceiros. “Nenhum aplicativo vai conseguir substituir o vínculo humano que essa profissão demanda”, afirmou Lucas Melo.
Adaptação a novos tempos
Além da renovação, a profissão de corretor de imóveis já tem até realities famosos sobre o dia a dia da carreira, como o Selling Sunset, da Netflix, e o The Real Estate Brasil, lançado pela RedeTV! no ano passado.
Corretores que entraram no mercado após experiências ruins como clientes, buscam fazer diferente. É o caso de Sandra Canellas, da franquia Re/Max em Campinas, que mudou sua visão sobre a profissão ao vivê-la. “A venda não acontece sem vínculo, é um trabalho de confiança”.
Esse modelo se aproxima do padrão dos Estados Unidos, onde o corretor atua como consultor estratégico, integrando os diversos aspectos da vida dos clientes no processo de compra.
A corretora Denise Molinaro, da Pilar, diz que o corretor ainda enfrenta barreiras, mas é possível se diferenciar. “Eu sinto que ainda somos pouco respeitados, mas quando você traz informação concreta, dados de mercado e conhece cada detalhe do bairro, o cliente aprende a confiar.”
*Com informações de Metro Quadrado