
A deflação de 0,11% registrada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em agosto acendeu alerta no mercado de fundos imobiliários (FIIs). O impacto deve atingir principalmente os fundos de “papel”, que investem em títulos de renda fixa do setor imobiliário com carteiras atreladas à inflação.
O resultado negativo foi o primeiro desde agosto de 2024 (-0,02%) e a maior queda desde setembro de 2022 (-0,29%). O movimento foi explicado pelo pagamento do bônus de Itaipu, que reduziu 4,2% a tarifa de energia elétrica.
Fundos de “papel” sofrem impacto direto
Segundo Marx Gonçalves, chefe de fundos listados da XP, a deflação afeta os fundos de recebíveis imobiliários indexados ao IPCA. “Com o índice de preços negativo, a fatia da inflação que compõe os dividendos desses fundos tende a encolher”, afirma.
O impacto será mais visível no fim do ano, de acordo com Caio Araujo, analista da Empiricus. “Para os fundos que possuem indexação ao IPCA, é bem provável que exista uma diminuição dos rendimentos no segundo semestre, especialmente no último trimestre”, diz.
“Há uma defasagem de dois a três meses nessa correção, então o impacto deve ser mais visível entre outubro e novembro”, complementa Araujo.
Fundos de “tijolo” podem se beneficiar
Por outro lado, os fundos de “tijolo”, que investem em imóveis físicos, não sofrem efeito imediato da deflação, já que contratos de aluguel são reajustados anualmente. A deflação pode até beneficiar esses fundos ao reforçar expectativas de cortes de juros.
“A deflação ajuda a reforçar a expectativa de cortes de juros nos próximos meses, o que pode ser um catalisador importante para os fundos que investem em imóveis”, argumenta Araujo.
Gonçalves mantém visão positiva para fundos de “papel” com perfil de baixo a moderado risco. A diversificação entre fundos de “papel” e “tijolo” permanece como estratégia recomendada para diferentes cenários econômicos.
*Com informações de Valor Investe