
O leilão de Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção) da Operação Faria Lima, realizado pela Prefeitura de São Paulo na última terça-feira (19), deve estimular a construção de prédios de uso misto – tanto residências quanto áreas comerciais, como lojas, escritórios e hotelaria – na principal via de escritórios da capital.
O certame movimentou R$ 1,668 bilhão com a venda de 94,8 mil títulos, equivalente a 57,6% da oferta de 164,5 mil certificados disponíveis. O valor médio dos Cepacs foi de R$ 17,6 mil, sem ágio sobre o preço inicial. “Não acredito que vão ter empreendimentos puramente residenciais. Talvez comercial com residencial, hotel com residencial”, afirmou Ivana Bomfim, sócia da área imobiliária do escritório Cescon Barrieu.
Participantes do mercado antecipam projetos ainda mais altos, similares ao Faria Lima Plaza, avaliado em R$ 1,2 bilhão. O empreendimento abriga escritórios de multinacionais, como Shopee e Uber e em breve deve receber a Klabin, que pretende transferir a sede para o edifício, com contrato de locação fechado por 10 anos.
A nova legislação de 2024 reduziu o lote mínimo de 1 mil metros quadrados para 500 metros quadrados, ampliando oportunidades para terrenos menores, incluindo agências bancárias em regiões nobres. “Antes da legislação de 2024, só era possível comprar Cepacs e construir acima do coeficiente básico se o terreno tivesse mais de 1 mil m². Esses terrenistas (donos de terrenos) ficaram por anos no limbo… agora se abre uma janela de oportunidade para novos projetos”, explicou a advogada especializada em direito urbanístico Marcella Martins Montandon, ao Estadão.
A HBR Realty, por exemplo, adquiriu 1.857 títulos para erguer uma torre de 10 andares em terreno de 800 metros quadrados na Faria Lima. O empreendimento misto terá lajes corporativas de 500 a 600 metros quadrados e 14 a 16 unidades residenciais de alto padrão, com entrega prevista para três anos.
A construtora São José comprou cerca de R$ 67 milhões em títulos para regularizar o prédio de luxo embargado no Itaim Bibi desde 2023. O edifício na rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior tem 20 apartamentos de 382 a 739 metros quadrados.
Já a JHSF prepara o Shops Faria Lima, com restaurantes, cinema, academia e lojas no número 3477 da avenida. O projeto ficará próximo aos prédios corporativos mais caros da cidade, como a sede do Itaú e o Complexo Victor Malzoni.
*Com informações do Estadão