
O segmento de alto padrão registrou crescimento de 57% nas unidades lançadas no primeiro semestre, com Valor Geral de Vendas (VGV) subindo 81%, segundo a consultoria Brain. As vendas cresceram 20% e 74%, respectivamente, mas “a oferta cresceu em velocidade maior do que a de compradores”, afirma Fabio Araújo, CEO da Brain.
O maior interesse pelo alto padrão aumentou a disputa por espaço e a busca por áreas alternativas. “Encontrar novas regiões para onde o cliente vá é o maior desafio do luxo”, complementa Araújo.
Otávio Zarvos, da Idea!Zarvos, conta que cobrar R$ 50 mil por metro quadrado já se tornou “barato” em bairros clássicos como Itaim Bibi e Jardins. Ele identifica apenas quatro bairros desejados pela alta renda: Itaim Bibi, Jardins, Vila Nova Conceição e Pinheiros.
Luciano Amaral, da Benx, reduz para três: Jardins, Itaim Bibi e Vila Nova Conceição, acrescentando a rua Curitiba e avenida República do Líbano, no entorno do Parque Ibirapuera. A empresa levou anos para tornar uma outra região um ponto de interesse do alto padrão, com o megaprojeto Parque Global, ao sul da Marginal Pinheiros, com investimentos pesados e outros atrativos, como hospital e shopping. “Empreendedor tem que arriscar”, diz.
A região “deu certo”, segundo Amaral, por estar cercada de escolas desejadas pelos moradores e por estar próxima a novos polos corporativos de alto padrão. Mas, replicar em outro canto da cidade, seria impossível no curto prazo. “Não vejo áreas com essa capacidade, a não ser no Jockey Club, que está tombado”, afirma. O novo lançamento da Benx, o 280 Art Boulevard, oferece unidades a partir de R$ 40 milhões.
No Recife, a Moura Dubeux investiu R$ 150 milhões no projeto Novo Cais, em área “que ninguém queria, nem de graça”, segundo CEO Diego Villar. A empresa criou loja com maquete de 63 metros quadrados e sala imersiva para convencer clientes.
“Vendemos ‘barato’, porque as pessoas não enxergavam o endereço”, admite Villar sobre o primeiro empreendimento. A estratégia de marketing diferenciada tem funcionado: “Criamos o desejo pelo local”.
*Com informações de Valor Econômico