
Na capital da Bahia, incorporadoras regionais – pouco conhecidas e relativamente jovens – se espalham por diversas construções. Elas ocupam um vácuo deixado por grandes empresas nacionais que abandonaram Salvador depois da leva de IPOs do setor nos anos 2000, durante a recessão do governo de Dilma Rousseff.
Boa parte das companhias regionais foram fundadas por ex-funcionários das empresas do Sudeste. “Quando as grandes foram embora, ficou uma lacuna. Tivemos que criar nossas próprias empresas”, afirma o engenheiro Lucas Pithon, que fundou a LPL Engenharia em 2015, em entrevista ao portal Metro Quadrado.
Outro exemplo da tendência é a Jequitibá Construtora, que nasceu em 2014, fundada por três irmãos com foco no litoral norte. “Às vezes é no caos que surgem oportunidades. O preço dos terrenos estava atrativo”, disse José Antônio Tanajura, um dos fundadores.
Mercado retoma patamar anterior com demanda forte
Entre 2009 e 2012, a Bahia viveu seu pico de lançamentos, ultrapassando 12 mil unidades anuais com a chegada de Gafisa, Cyrela, Rossi e PDG. Antes, as incorporadoras locais lançavam cerca de 4 mil unidades por ano, segundo o Sinduscon-BA.
O aumento da oferta esbarrou no avanço dos juros e desaceleração econômica a partir de 2013, resultando na crise dos distratos entre 2015 e 2016. No entanto, com a chegada de novas companhias locais, o mercado retomou o ritmo de 4 mil unidades anuais.
“O mercado não avançou, voltou a ser o que era, mas com uma demanda forte e pouco estoque”, disse Alexandre Landim, presidente do Sinduscon-BA. “E agora a Bahia consegue compilar todas as técnicas de construção apresentadas pelas empresas nacionalizadas.”
A Moura Dubeux, fundada no Recife e presente em Salvador desde 2008, também aproveitou o recuo das empresas do Sudeste para acelerar sua expansão. “Não foi um movimento oportunista, e sim estratégico. Acreditamos no potencial de Salvador como mercado de longo prazo”, afirma o CEO Diego Villar. A companhia detém cerca de 30% do mercado de média e alta renda.
Com um setor mais enxuto onde praticamente todos se conhecem, o ambiente tornou-se mais colaborativo. As incorporadoras locais frequentemente se unem em parcerias para dividir riscos e viabilizar projetos, dizem os participantes deste mercado.
*Com informações de Metro Quadrado