João Pessoa (PB) vive um dos momentos mais aquecidos no mercado imobiliário brasileiro e ganha destaque entre as regiões do país, impulsionada pela migração de moradores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Segundo o IBGE, a capital paraibana foi a que mais ganhou habitantes no Nordeste na última década – o que ajuda a explicar o boom imobiliário em João Pessoa – enquanto Recife (PE) e Natal (RN) registraram queda populacional no mesmo período.
O metro quadrado em áreas nobres como Cabo Branco já ultrapassa R$ 20 mil, enquanto empreendimentos de médio padrão ficam entre R$ 13 mil e R$ 14 mil. O Plano Diretor da cidade preserva o charme local com limitações de altura na orla, permitindo construções livres apenas a 500 metros da praia. Bairros como Altiplano passaram por boom de verticalização após mudanças na legislação em 2008.
“Para quem está acostumado com os valores do Rio ou de São Paulo, isso ainda é muito competitivo”, afirmou Érico Feitosa, presidente do Secovi-PB (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais da Paraíba).
A Paraíba foi o segundo estado que mais gerou empregos no primeiro semestre deste ano, e registrou crescimento de 6,8% no PIB (Produto Interno Bruto) no ano anterior. “Estamos vivendo um crescimento de China”, disse André Penazzi, fundador da incorporadora Setai. O dinamismo econômico atrai desde nômades digitais, famílias jovens, até investidores de outros estados.
Quase 3 mil unidades foram lançadas no primeiro semestre deste ano, uma queda de 34% ante o mesmo período do ano passado, segundo a consultoria Brain. Segundo o portal Metro Quadrado, executivos de negócios defendem investimentos em novas vias, corredores exclusivos e ampliação das ligações com a BR-230 e a PB-008, mas as intervenções devem demorar a sair do papel, fazendo a população viver com o trânsito.
Outro assunto que também é debatido entre executivos é a possibilidade de bolha diante do boom imobiliário em João Pessoa. Por outro lado, os participantes do mercado apontam que o crescimento tem sido gradativo, diferentemente de outros destinos turísticos com altas abruptas, o que afastaria o temor.
Além do alto padrão, empreendimentos voltados à classe média também ganham espaço na capital. A Delta Engenharia, por exemplo, prepara um lançamento focado na faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), voltado às famílias com renda de até R$ 12 mil por mês, no bairro Bessa, a algumas quadras da praia. “Não conhecemos nenhum outro lugar no Brasil onde isso seja possível”, afirma Cida Medeiros, a CEO da construtora Delta.
“Dá para manter esse ritmo de desenvolvimento sem perder o que torna João Pessoa única. Se conseguirmos manter o equilíbrio, temos um ciclo de crescimento garantido por muitos anos”, complementa a CEO da Delta.
*Com informações de Metro Quadrado e Veja