
Os juros elevados forçam o setor de construção civil a revisar para baixo suas expectativas de crescimento em 2025. A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) cortou a previsão de alta nas vendas do setor de 2,8% para 1,8%.
“Refizemos os cálculos e achamos melhor ser mais conservadores”, afirmou o presidente da Abramat, Paulo Engler. O executivo atribui a deterioração das expectativas à manutenção da Selic em patamar elevado sem perspectiva de cortes.
Na mesma direção, o Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV) reduziram, no mês passado, a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Construção de 3% para 2,2%.
O juro alto prejudica o consumo das famílias, que dependem de financiamento para comprar materiais de construção. “A manutenção da Selic em 15% gera incertezas se as famílias vão investir na reforma da casa”, destacou Engler. A piora atingiu todos os segmentos: varejo, incorporação imobiliária e infraestrutura, de acordo com o especialista.
Poupança e financiamento imobiliário
Além disso, o financiamento com recursos da poupança para construção despencou 54% entre o primeiro semestre de 2024 e o mesmo período de 2025, totalizando R$ 9,1 bilhões, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Pesquisa da consultoria Brain revelou que 52% das empresas consideram mais difícil tomar crédito, enquanto 34% classificam como “muito mais difícil”. As construtoras reduziram o ritmo de contratações apesar do volume elevado de novos projetos anunciados.
O PIB da construção civil registrou queda de 0,2% no segundo trimestre de 2025, refletindo o desaquecimento da economia brasileira como um todo.
*Com informações de UOL