
O Nordeste possui “demanda para absolutamente tudo” no mercado imobiliário, afirma Diego Villar, CEO da Moura Dubeux, em entrevista à ISTOÉ Dinheiro. Além dos apartamentos voltados ao público de baixa renda, há uma grande demanda reprimida no público de alta renda – que tende a trocar de apartamento à medida que as companhias anunciam novidades, com melhorias voltadas para o conforto.
A incorporadora é a maior da região, com cerca de um terço do market share. “Se você olhar desde o Faixa 1, 2 e 3 [do Minha Casa Minha Vida], a nossa região percentualmente é uma das que mais demanda habitação”, afirma Villar.
O executivo destaca que o Nordeste é a segunda região mais populosa do Brasil, e também o segundo maior mercado imobiliário do país. Apenas em Recife (PE), a companhia vendeu mais de R$ 1 bilhão nos últimos seis meses, superando várias empresas de São Paulo.
Villar relata que em meados de 2004 várias incorporadoras de São Paulo foram ao Nordeste, ficaram por mais de uma década, mas acabaram abandonando o mercado após a crise do governo Dilma, com recessão, crise de confiança e de crédito.
No entanto, com as reformas do governo Temer, o mercado foi “fomentado” e aquecido novamente, segundo o CEO, permitindo que companhias locais surfassem uma onda de crescimento.
Neste sentido, Villar argumenta que a empresa tem sido “corajosa” ao ofertar produtos que “ninguém tem coragem de fazer”, como a compra por mais de R$ 100 milhões do Hotel Bahia Othon Palace em Salvador para retrofit do projeto Infinity Salvador, com previsão de entrega até 2028.
Empresa quer pisar no freio
Apesar do desempenho positivo da empresa no Nordeste, a Moura Dubeux planeja frear o crescimento após sustentar taxa de mais de 40% ao ano desde a abertura de capital em 2020. A ideia é ser uma empresa mais qualitativa – o que, segundo a gestão, deve ainda assim manter os resultados rentáveis.
“A gente tem uma preocupação verdadeira em querer ser transparente com o mercado, guiá-los… Hoje eu sinalizo ao mercado que a gente não vai crescer mais significativamente. Pelo contrário, marginalmente. Por que tem cada dia mais me preocupado a nossa capacidade de crescer e continuar produzindo imóveis de qualidade e com boa rentabilidade”, explica.
As ações da incorporadora já subiram 141% no acumulado de 2025 e mais de 350% desde janeiro de 2023. A receita líquida totalizou R$ 1,6 bilhão em 2024, alta de 36%, enquanto o lucro saltou 61% para R$ 251 milhões.
A empresa também criou novas marcas como Mood, para famílias com renda de R$ 12 mil a R$ 15 mil, e Única, voltada ao Minha Casa Minha Vida Faixa 3.
*Com informações de ISTOÉ Dinheiro