
A revitalização de prédios antigos para novos usos cresce nas cidades com programas de incentivos públicos. É o que mostra uma pesquisa do Santander e da consultoria Brain. O estudo identificou 59 empreendimentos em cinco capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Fortaleza.
“Há um mercado antes e depois de 2021, quando surgiram esses programas. Não teríamos esse nível de produção sem os incentivos”, afirma Guilherme Carlini, líder da SHI (Santander Habitação e Investimentos), braço imobiliário do banco.
As capitais São Paulo e Rio concentram 86% dos retrofits do país. O programa “Requalifica Centro” paulistano, por exemplo, oferece descontos no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) durante as obras. Já o “Reviver Centro” carioca concede isenção de IPTU e ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), o que também é vantajoso para as empresas.
Mercado aquecido com 86% de vendas
Ainda de acordo com o levantamento, dos 59 empreendimentos mapeados, 20 esgotaram vendas e 25 estão em comercialização. A oferta chegou a 3,8 mil apartamentos, restando apenas 514 unidades (13,4%) no estoque. “Isso indica que há um bom nível de escoamento para esse perfil de imóvel”, diz Guilherme Werner, sócio da Brain.
Parte das unidades retrofitadas atende a um público de alto poder aquisitivo. No Rio, por exemplo, o antigo Hotel Glória virou residencial com apartamentos de 131 m² a 228 m². Os preços partem de R$ 4,5 milhões, ou R$ 35 mil por metro quadrado.
Desafios burocráticos
Apesar dos incentivos, empresários apontam uma burocracia excessiva, normas restritivas e falta de clareza no licenciamento como principais obstáculos.
Além disso, a adaptação de prédios antigos aos parâmetros atuais de luminosidade e segurança contra incêndio representa um enorme desafio técnico. “É preciso entender que os prédios antigos atendiam a normativas de outra época. Os parâmetros precisam ser adaptados”, observa Carlini.
Mesmo com os desafios, o retrofit cresce como tendência para outras regiões do país. “A temática de revitalização dos centros urbanos está sendo capilarizada pelo país”, diz Werner.
Segundo o estudo, prefeituras e câmaras de vereadores em diversas regiões passaram a estudar o tema por meio de projetos específicos ou revisão dos planos diretores. Florianópolis, Recife e Campinas estão nessa esteira.
De olho no movimento, o Santander quer abocanhar uma fatia desse mercado, que se encaixa na política de investimentos sustentáveis. “Entendemos o estudo de viabilidade, fazemos a análise de risco e colocamos todas as linhas de crédito à disposição”, conta Elisângela Perussi, líder de negócios imobiliários do banco.
*Com informações de Estadão

